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horizonte artificial

ideias e achados.

Uma fotografia de 2019

Tatiana-Mosio Bongonga a andar na corda bamba, na Alameda

Desta vez não foi fácil escolher uma fotografia que representasse o meu ano (a de 2018 está aqui). Houve ondas gigantescas, entardeceres únicos e muitos passeios pela natureza. Mas se me perguntassem qual foi a coisa mais incrível que fotografei nesta volta ao Sol, a minha resposta continuava a ser um nome: Tatiana-Mosio Bongonga.

Não sabia bem ao que ia, naquele primeiro dia de junho, mas o convite da Câmara de Lisboa ao público para vir até à Alameda Dom Afonso Henriques assistir a uma mulher a caminhar no vazio parecia tão improvável quanto irresistível. Esperava, pelo menos, conseguir uma fotografia especial. No fim do dia, dei por mim a editar centenas delas. Continua a ser, de longe, o evento do ano de que guardo mais imagens.

Entre tantas, escolhi a fotografia acima porque ilustra bem a dimensão do acontecimento. Milhares de pessoas com os olhos postos numa figura isolada, a caminhar numa corda a 30 metros do chão. Se não fosse arte, seria religião.

Não me ocorre outra circunstância, senão na arte, em que seja possível observar, durante uma hora, alguém a percorrer 300 metros na nossa direção. Essa hora gravou na minha memória (digital e mental) o sorriso da Tatiana, a cada passo mais nítido e cintilante. Era o sorriso inconfundível de quem triunfa sobre o medo e tem consciência de estar a protagonizar um prodígio, da arte e da ousadia humana (dois termos para a mesma coisa provavelmente).

O meu desejo para 2020 é que volte a inspirar e dar-nos a ver mais feitos desta ordem, sem rede nem medo.

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