Uma fotografia de 2017
Ia dar o título "A minha fotografia preferida de 2017" a este post, mas reconsiderei, porque há duas ou três fotografias que competem na minha cabeça por essa distinção. Prefiro destacar uma delas e deixar o tempo desempatar a questão. A fotografia acima foi tirada na tarde de 25 de abril, junto ao Cais das Colunas, e é uma das minhas preferidas porque é uma das fotografias mais "intencionais" que tirei este ano. Estava de passagem pela zona e tive apenas segundos, ao espreitar por cima do ombro, para ver e reconhecer algures no fundo da minha memória fotográfica esta cena. Ou seja, soube imediatamente que estava a fazer uma cópia de outra fotografia tirada algures no tempo, e que tropeçara, por assim dizer, num clichê fotográfico — um postal lisboeta de Cartier-Bresson. É esse pensamento rápido, que permitiu passar do reconhecimento ao disparo em poucos segundos, que me faz gostar tanto desta fotografia, mesmo não sendo a mais original que fiz ou aquela com mais ressonância pessoal. Estou mais habituado a escolher uma cena qualquer, fazer uma série de disparos e a confiar na sorte. Um disparo assim tão intencional, no meu caso, é extremamente raro e, por isso, um dos que mais guardo na memória de 2017. Que 2018 seja, para todos, um ano propício a encontros certeiros destes, entre a nossa capacidade e vontade.