Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

horizonte artificial

ideias e achados.

Ucrânia

É como se estivéssemos a assistir a uma agressão gratuita na rua, e nenhum de nós ousasse mexer um músculo em defesa da vítima, com medo de sermos agredidos a seguir. É a analogia mais próxima que  encontro para descrever o que está a acontecer no mundo, e o sentimento de impotência que surge perante a insanidade a desenrolar-se à nossa frente.

Não esperava voltar a sentir esta forma de angústia em relação ao estado do mundo tão cedo depois destes últimos dois anos. A diferença desta vez, claro, é que existe alguém que, com uma palavra, pode parar tudo o que está a acontecer. E isso muda a própria natureza de desesperança que sentimos. Tenho dado por mim repetidas vezes a abanar inconscientemente a cabeça ao escutar as notícias mais recentes sobre a devastação a ser infligida na Ucrânia. É difícil de acreditar que isto está a acontecer no nosso tempo, mas sobretudo que tudo isto é consequência de uma decisão: não se trata de um desastre natural, é uma catástrofe por ação humana.

Não conseguimos, para já, impedir a insanidade em curso, mas parece haver uma quase total censura e rejeição desta guerra. As cores da bandeira ucraniana aparecem um pouco por todo o lado, transformadas em apelo à paz. Toda e qualquer expressão de solidariedade que o meu olhar surpreende (uma bandeira ucraniana à janela de uma casa isolada, um pin numa mochila a viajar ao meu lado, uma escola a formar a palavra PAZ com os seus alunos) comove-me e dá-me algum alento, como espetador passivo deste atroz e brutal espetáculo, numa altura em que nos preparam, com a mais sombria das expressões, para o que ainda está por vir.

Podemos ser impotentes para intervir, mas não somos indiferentes à desgraça que se abate sobre o povo ucraniano. A par da solidariedade material (feita dos donativos às ONGs no terreno e do acolhimento dos refugiados), a solidariedade simbólica, a ser transmitida em todas as frequências e idiomas do mundo, já é um movimento do espírito, uma aproximação ao que se passa e a quem vive na pele o medo e horror da guerra.

Por tudo isto, preciso de deixar, também aqui, esse apelo: Paz para o povo ucraniano!

1 comentário

Comentar post