Tirar o dia
Gosto da expressão "tirar o dia". Uso-a muito, muito pouco, mas hoje foi o dia. Não quero revelar o motivo, basta dizer que foi especial. O que eu quero deixar aqui é mesmo como foi bom e correu bem, à nossa maneira.
Começámos o dia na nossa pastelaria preferida (gostava de ter essa rotina, mas já me contento por ter um sítio onde, idealmente, me via a ir tomar o pequeno-almoço todos os dias) e depois apanhámos um comboio quase vazio e tranquilo para Setúbal (o contrário do que acontece ao fim-de-semana).
Demos uma pequena caminhada pelo centro histórico da cidade, animado e cheio de lojas abertas (ao contrário, mais uma vez, do que acontece ali ao fim-de-semana - e isto não é uma crítica, Setúbal), embora só tenha entrado na única livraria que conheço na cidade, perto da Praça do Bocage (e que me lembra a concha de um caracol, pela disposição física da loja e de alguns expositores). Saí sem levar nada, mas o trio que torna qualquer passeio melhor estava completo: pastelaria, comboio e livraria.
Seguiu-se o almoço num dos "nossos" restaurantes de sempre e, depois, a surpresa: a minha companhia aceitou a ideia de subirmos a pé até ao Forte de São Filipe, a 1km de distância, por uma estrada sem berma (uma pena, a Câmara Municipal de Setúbal não criar ali melhores condições aos caminhantes) e sempre a subir, debaixo de um sol ainda forte. A certa altura, enganámo-nos no caminho, mas ninguém parece ter ficado chateado (encontrar uma moeda de dois euros perdida à beira da estrada pode ter ajudado..). O alívio de chegarmos misturou-se com o regalo de admirar aquela vista impressionante, associada a uma cidade verdadeira (e não um aglomerado de hotéis).
O dia terminou com pizza, Tejo e um pulo pela Baixa para espreitarmos o que fizeram à antiga Suíça. Mas o que quero realmente destacar é isto: devíamos todos ter a possibilidade de tirar um dia e de o aproveitar da melhor maneira que conseguimos.