Sobre aquele tamagotchi
Ninguém sabe o dia ou o contentor exato, mas o Tamagotchi aterrou em Portugal por volta de 1997 e foi de imediato encaminhado para os canais de distribuição mais decisivos da economia portuguesa da segunda metade da década 90: a papelaria escolar de bairro. Daí até aos recreios de todas as escolas foi um intervalo para almoço e uma passadeira. Não me recordo já como ouvi falar pela primeira vez do Tamagotchi (palavra que combina os termos japoneses para ovo e relógio), mas sei que era um dos poucos miúdos da minha turma da quarta classe que não tinha um. Varreu as consolas de Tetris para um canto e dominou, do dia para a noite, o mercado tecnológico de esquina. O precursor digital do Farmville e o equivalente social do iPhone desapareceu do radar da mesma forma como passou inicialmente pela alfândega nacional (sem perguntas), mas deixou um miúdo eternamente curioso em relação ao que todas aquelas mãos fechadas em concha escondiam. Esse miúdo sou eu.
Imaginam o valor de um Tamagotchi (ou de um iPhone, por essa ordem de ideias) para alguém que nunca possuiu um? Certamente que não os 5 euros pelos quais está à venda na Amazon...