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horizonte artificial

ideias e achados.

ainda: Falling

Sinto que consegui fazer uma coisa um bocadinho difícil e isso é uma sensação espectacular.


David Fonseca, a explicar ao blog Urban Blues como foi a sensação de dar por terminada a gravação, ao longo de um ano e em duas partes, do seu álbum Seasons.

Este disco está na minha prateleira imaginária de objetos que dizem mais de mim do que eu consigo dizer deles. É por isso que tenho procurado pela net mais reações a Seasons, para tentar confirmar que não sou o único a ser cativado, a um tempo, pela expetativa que Rising vai agitando, e noutro, pela melancolia que Falling vai serenamente doseando. É um álbum gravado em alturas diferentes do ano (e fases diferentes do coração, parece), e embora esteja mais inclinado para apreciar Falling, as duas metades são indissociáveis no nível de empenho e mestria sonora.

À exceção das críticas oficiais, que parecem estar de acordo em relação ao mérito musical do álbum, não encontrei muitas reações. O que é uma pena, porque este é o tipo de álbum que merece ter alguém a celebrar a sua originalidade de maneira bem mais articulada e extensa do que aquela que consigo fazer aqui.

Estou desejoso de ver e ouvir como a energia magistralmente contida em Seasons é libertada ao vivo e em palco. Só falta saber se e quando a digressão passa por uma sala de concertos perto de mim e como é que vou conseguir ter o meu CD autografado...

no posto de escuta: Falling, David Fonseca

Ainda não devo ter ouvido todas as canções mais do que duas ou três vezes, mas já ando a atirar aos quatros ventos virtuais o quão bom é "Falling", a segunda metade do novo álbum de David Fonseca, "Seasons", lançado na semana passada. Valeu a pena a espera, tendo em conta que fiz questão de aguardar pela saída de "Seasons" para também ficar a conhecer "Rising", e que posso dizer, sem ponta de exagero, que gosto de todas as músicas (o meu hábito compulsivo de classificar músicas no iTunes não me deixa mentir). A crítica fala de uma "enorme afirmação" e é mesmo disso que se trata. Mais uma vez, enquanto não estávamos a olhar, o David Fonseca voltou a esse poço secreto onde ele vai buscar a sua inspiração e criatividade, e pôs-se a produzir um álbum que vai, espero, surpreender muita gente.

 

Basta começar por Monday, Tuesday, Wednesday, Thursday.

 

posto de escuta: Rebecca Mayes

 

Queria ter falado dela neste blog há mais tempo, mas a coisa boa de um "achado" é que nunca perde a validade, sobretudo quando toca harpa e canta como Rebecca Mayes, uma "cantautora" britânica que ficou conhecida por fazer "críticas" de videojogos sob a forma de canções.

 

A sua música foi um dos meus achados musicais (daqueles de guardar no coração) de 2011. Imaginem Kate Bush ou Aimee Mann a cantar sobre Resident Evil, Halo e Batman, e ficam com uma ideia aproximada do quão especial é Mayes.

 

Começou tudo por brincadeira, com uma música sobre um jogo de computador escrita a pedido de um amigo e, na sequência disso, o convite de uma publicação online para repetir de duas em duas semanas a experiência de compor uma canção nova sobre um jogo. Foi assim que, apesar de não os jogar nem querer fazer críticas profissionais, acabou a cantar sobre a realidade alternativa dos videojogos.

 

"The Epic Win" é o álbum no qual juntou algumas das canções que gravou durante esse período e foi através deste (lançado originalmente em 2010 e disponível no iTunes) que fiquei a conhecer a sua música, uma doce fusão de folk e pop com uma inesperada fonte de inspiração. As suas canções são essencialmente "musings" sobre o escapismo proporcionado pelos videojogos, visto aqui pelos olhos de alguém que caiu acidentalmente na toca do coelho e foi parar a um mundo virtual povoado por avatares e criaturas estranhas. E é uma queda que vale a pena seguir e ouvir com atenção.

 

Um videojogo é um lugar estranho e arriscado para buscar introspeção, mas é um desafio que Mayes supera com ligeireza e destreza, ao ponto de fazer parecer que compor uma canção é a coisa mais fácil do mundo (como que a prová-lo, cruzei-me no YouTube com este breve How to write a song in one hour, da sua autoria).

 

Há mais da sua música a descobrir, incluindo esta recente e pequena atuação nos Jogos Olímpicos de Londres, onde escolheu interpretar uma cover de "Eye of the tiger", mas estas são as minhas favoritas de "Epic Win": "Batman's Tea Party", "Don't shoot them", "Shadows" e, preferida pessoal, "The Machine", que pode ser ouvida abaixo.

 

Na canção "Fight", Mayes convoca a certa altura a imagem de um "secret heart" (como se um coração já não fosse suficientemente misterioso). A existir, a sua música conquistou os meus dois corações.

no posto de escuta: This must be the place


 


Uma demora quase imperdoável a partilhar esta curiosa e cativante atuação de David Byrne, e a recomendar o filme de onde é retirada, "This must be the place", do realizador Paolo Sorrentino. Para pedir emprestada a cristalina descrição da Rita do Cinerama (um dos meus blogs de cinema preferidos), é um filme "impregnado de tristeza e inércia, com uma ambígua saudade do que nunca voltará a ser". O meu tipo de filme, portanto.

no posto de escuta: Gotye


 


Sei que a música já está por todo o lado, mas como me recuso a acreditar que posso ter sido dos últimos a ouvi-la, aqui fica, em jeito de favor a quem ainda não conhecer o Gotye. "Making Mirrors", o álbum de onde saiu este "Somebody that I used to know", é o meu favorito até agora do ano.