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horizonte artificial

ideias e achados.

A cidade dos grandes sons

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Paris foi a primeira cidade que descobri sozinho e o palco de alguns dos concertos que mais me ficaram na memória. Por causa disso, e dos amigos que lá vivem, na minha cabeça, Lisboa sempre me pareceu um arrondissement de Paris, só um bocadinho mais longe que os outros vinte (com a vantagem de termos o Tejo). Enquanto houver música, e esta nos levar a sítios novos, espero regressar à cidade das luzes e dos grandes sons.

 

Sobre os eventos da semana passada, o Stephen Colbert resumiu tudo o que eu poderia dizer numa frase iluminante:

"If it makes you feel a connection to the people of Paris, go drink a bottle of Bordeaux. Eat a croissant at Au Bon Pain. Slap on a beret and smoke a cigarette like this. Go eat some French fries, which I am now calling Freedom fries in honor of the French people. Anything that is an attempt at human connection in the world right now is positive."

O farol de Paris

 

Gostava de ter registado o uau colectivo que a multidão no Trocadéro soltou quando a torre começou a cintilar (embora tenha conseguido, algo desajeitadamente, filmar o momento).

Estar ali fez-me lembrar uma cena inesquecível de Belle toujours, um filme de Manoel de Oliveira. Falar em cena talvez não seja o termo mais apropriado. O filme simplesmente pára a certa altura para mostrar a Torre Eiffel, mais o seu farol, à noite. Acreditem, admirar a Torre Eiffel numa tela de cinema é tão impressionante quanto vê-la ao vivo. Não me lembro da duração exacta da cena, mas a mim pareceram-me vários minutos.

Acho que foi isso que me fez começar a respeitar o cinema de Manoel de Oliveira. Poucos realizadores podem, hoje em dia, dar-se ao luxo de parar durante sequer 30 segundos para demorarem-se na Torre Eiffel à noite. Só um olhar verdadeiramente apaixonado pelas coisas faz isso. E há coisas que pedem um olhar demorado.

Já agora, aproveito para recomendar Paris, o filme, de Cédric Klapisch. Não sei bem se já estreou ou não em Portugal, mas é outro olhar apaixonado de Paris, que abre com a imagem da personagem de Romain Duris debruçada sobre o horizonte da cidade. Vale a pena ver.

...

 

O horizonte artificial de Paris. Parece estar tudo a uma distância segura de ser feita a pé, mas não está. É tão simples, e doloroso, quanto isso. Fiquei surpreendido com a forma como a Torre Eiffel domina o céu da cidade. Olhar para o céu de Paris equivale a procurar a torre no horizonte. E ela lá está, sempre, como se estivesse a segurar algo.