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horizonte artificial

ideias e achados.

Auto-poesia

Inventei um sistema de fintar a preguiça de ler poesia: deixá-la no carro, para aquelas alturas em que não resta literalmente mais nada para fazer. Chamei-lhe auto-poesia e é uma das minhas mais imaginativas (e desesperadas) ideias de 2020. O primeiro livro de poemas que usei para testar este sistema, e o primeiro em anos que consigo terminar de ler, foi Jóquei, de Matilde Campilho, publicado em 2014.

Não consigo fazer-lhe um elogio mais completo do que aquele que Pedro Mexia lhe dedicou, mas achei que podia falar dele aqui, sobretudo na sequência do post anterior, sobre o processamento que a escrita faz da vida. O Jóquei é um exemplo muito claro disso, e do que a poesia pode ser. Passei o livro a pensar para os meus botões como gostaria de ter a habilidade para fixar em poemas algumas das coisas que só a mim podem ter acontecido (naquele minuto, naquela rua, com aquelas pessoas, com a minha atenção). Vou fixando algumas delas aqui no blog, pela escrita ou fotografia, porque acho que preciso dessas construções, mas também porque me parecem infinitamente mais fáceis de mexer nelas. Além do grande domínio da língua que exige, a poesia é biografia sem bilhete de identidade (ou, para usar uma expressão minha, é fotografia sem metadata). Implica prescindir de uma série de coisas que estamos formatados a pedir ao texto, a começar pela explicação. O poema é um texto que não sente necessidade de se explicar. E isso vai contra tudo o que fui habituado, no entretenimento e no jornalismo, a esperar do texto.

A analogia não deve ser nova, mas a poesia parece estar para a prosa, como o bonsai está para a jardinagem. No fundo, a poesia também é uma arte da miniaturização, feita de uma atenção extrema às unidades mínimas do sentido (as palavras?). A esse nível "microscópico", a escolha de uma palavra pode fazer toda a diferença. Fascina-me imaginar, por exemplo, que um poeta, desafiado a isso, consiga escrever um poema a partir de um hemograma (sim, acredito que já tenha sido feito).

A propósito de tudo isto, Roland Barthes tem um pensamento, no seu ensaio "O prazer da leitura", que me parece valer muito a pena trazer para aqui:

Valéry dizia: «Não pensamos palavras, só pensamos frases.» Dizia-o porque era escritor. Chama-se escritor, não àquele que exprime o seu pensamento, a sua paixão ou a sua imaginação por frases, mas sim àquele que pensa frases: um Pensa-Frase (isto é: aquele que não é nem um pensador nem um fraseador).

É isso que um escritor faz. Inventa, pensa frases, que são, no fundo, novas formas de ver o mundo. A escrita, seja poética ou não, é uma máquina de reinventar o mundo.

Interrupção à normalidade

Estava a precisar de começar um livro novo, e virei-me para o Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago, que aguardava na estante há uns anos. Tinha vaga ideia de se tratar de uma espécie de Ensaio sobre a Cegueira virada do avesso, e fiquei surpreendido por perceber que é quase uma sequela, com pontos de ligação à história e personagens do romance anterior.

A ideia de uma cidade inteira a votar em branco tem tanto de estapafúrdio quanto a população de um país a cegar de um dia para o outro, mas conhecendo a obra de Saramago, e o que ele consegue fazer com situações que desafiam a verosimilhança, rendi-me à curiosidade.

Se tivesse que contrastar muito rapidamente a Cegueira e a Lucidez, diria que este romance concentra-se naquilo que o primeiro empurrou para fora do caminho, que é o lado político. A Cegueira é um livro sobre a perda da humanidade numa situação-limite, cuja evolução ultrapassa rapidamente qualquer possibilidade de intervenção política. É nesse ponto que o enredo da Lucidez pára o relógio, a tempo de evitar a desagregação total e de nos deixar ver como é que o poder político reage a um fenómeno novo que não compreende e, portanto, tem tudo para recear.

Uma história sobre as maquinações do poder político tem tudo para me interessar, mas senti problemas logo à partida, com aquela impessoalidade característica que Saramago aplica a algumas situações, por servirem de exemplos de uma realidade maior. Uma espécie de "não vale a pena demorarmos muito nestes personagens, porque são apenas um exemplo em mil". Percebo a utilidade do mecanismo, mas isso fez com que tenha dado por mim sempre a calcular as hipóteses do próximo personagem sem nome ser o nosso protagonista. Foi preciso chegar a meio do livro para ter um vislumbre da direção na qual a narrativa seguiria, e mesmo depois disso, dei por mim a olhar constantemente pelo ombro, como quem duvida das direções recebidas.

Apesar dessas ligeiras frustrações de leitor impaciente, estaquei quando cheguei à parte do muro. Não quero spoilar nada a ninguém, por isso basta dizer que foi nesse ponto que o livro deu uma reviravolta para mim. O que passava por estapafúrdio, passou a parecer, a este leitor do ano 2020, uma descrição desconcertante dos males que afligem atualmente algumas das democracias ocidentais. Está lá tudo: a prepotência, o culto da ignorância e a manipulação pela comunicação em massa. Nada disto é novo, nem sequer a ideia do muro, mas é difícil não ver e sublinhar as semelhanças entre aquilo que Saramago imagina e a real interrupção à normalidade que vivemos.

Feito esse paralelo, o que podemos aprender com a Lucidez de Saramago, e trazer para os nossos tempos de incerteza? Recusar a culpabilização, que serve como forma de distração, e leituras simplistas da realidade, baseadas na noção de que a realidade pode ser aquilo que o poder político quer que seja, são dois pontos de partida.

10 livros para 2020

Uma lista para guiar as minhas leituras este ano

Açores a pé, Nuno Ferreira

Comecei a lê-lo há umas semanas e estou a gostar deste diário de uma travessia a pé de todas as ilhas do arquipélago açoriano. O registo é jornalístico, de passo rápido (é o ritmo que imagino que o Nuno tenha a caminhar) e poupado no deslumbramento. Há tempo para reparar na paisagem, mas é óbvio que são as pessoas que mais interessam ao Nuno, que entram nas suas páginas quase sempre em discurso direto. Agricultores, cantadores, barbeiros, entre outros, vão completando o retrato humano e cultural das localidades pelas quais o Nuno vai passando. Sei por experiência, a percorrer o Trilho dos Pescadores, como caminhar o dia todo, ao longo de caminhos desertos, nos pode deixar sedentos de contacto humano. É um "efeito secundário" curioso para quem se propõe encetar uma viagem destas sozinho (ainda por cima sem GPS). Preciso de chegar ao fim da viagem do Nuno para ter a certeza, mas sim, já comecei a pensar em repetir a sua façanha. 

Viver com alma, José Ricardo Vidal

Outro livro que já me tinha comprometido por aqui a ler. Estou surpreendido com a velocidade com que estou a lê-lo. Imaginei que seria uma leitura difícil, mas o José encontrou as palavras certas, no ritmo certo, para descrever o trauma inicial da sua experiência.

The Institute, Stephen King

Estou a levar o meu tempo, até porque, ler King, para mim, é uma oportunidade para escapar da rotina e dos temas mais sérios.

Jóquei, Matilde Campilho

Quero ler mais poesia, e este livro está na minha estante há anos à espera da sua vez. Será desta?

L'Associé, Joseph Conrad

Ando há anos a tentar aprender francês sozinho, e uma das coisas que me obrigo a fazer para ganhar vocabulário é ler um pequeno livro escrito ou traduzido para o francês por ano. Ler em francês é uma pequena tortura para mim, dada a frequência com que preciso de recorrer a um dicionário ou de traduzir frases inteiras para captar o seu sentido, pelo que esta é a única leitura do ano que, sem culpa do livro, não me entusiasma particularmente.

Fim, Fernanda Torres

Procurei recomendações de escritores brasileiros atuais e Fernanda Torres aparece quase sempre mencionada. Não sei o que esperar, mas estou otimista.

Histórias, Susan Sontag

Quase todos os livros de Sontag estão entre os meus preferidos e quero continuar a ler a sua obra.

Goodbye, Things: The New Japanese Minimalism, Fumio Sasaki

Considero que já levo um estilo de vida minimalista, mas folheei-o algures e fiquei curioso.

Corpo Triplicado, de Maria Brandão

Mais um livro que encontrei ao acaso numa livraria e que me deixou intrigado.

On Reading, Writing and Living with Books, Virginia Woolf, Wilkie Collins, George Eliot, Leigh Hunt, E.M. Forster

Um livro sobre ler, escrever e viver com livros tem tudo para, potencialmente, dar uma boa leitura.

5 leituras de 2019

A Câmara Clara, de Roland Barthes

Qual é a origem do fascínio da fotografia? O que nos prende o olhar? O que tentamos registar ou salvar através de uma fotografia? São algumas das questões que o filósofo francês examina a partir da sua própria experiência, nomeadamente o luto.

Ensaios sobre fotografia, de Susan Sontag

Sontag faz um resumo crítico das principais formas de pensar e promover a fotografia como arte. Ao lê-la, fica claro como a influência da fotografia penetrou e modificou todos os domínios da vida moderna. Por um lado, liberta forças criativas, por outro converte tudo em imagens consumíveis e colecionáveis. Sontag sugere que é possível um meio-termo, mas vai ser preciso encetar uma espécie de ecologia das imagens.

Siddhartha, de Hermann Hesse

Uma enorme surpresa para mim, que só conhecia o livro pelo título. Um daqueles livros que imagino que levaram uma vida, ou uma grande viagem, a ser escritos. Tentei resumi-lo numa frase-relâmpago para os meus amigos e o que me ocorreu é que se trata de um livro de revelações sem revelações. Não faltam momentos em que tudo na narrativa parece preparar uma partilha de grande sabedoria para, logo a seguir, a onda passar por cima de nós e se desfazer em, bom, quase nada. Perante os limites da experiência e do conhecimento, Hesse aponta o caminho da humildade. Na minha leitura de Siddhartha, quando reconhecemos que não podemos conhecer e viver tudo só nos resta dar aos outros o benefício da dúvida e da curiosidade.

Becoming, de Michelle Obama

No palco mundial, ocorrem-me poucas pessoas sem ligação direta ao poder que se tenham destacado quase exclusivamente pelas suas qualidades pessoais. Ler a sua biografia é perceber como a Michelle podia ser a Ana, a Anabela, a Mané, a Rosa, todas as mulheres que conheço e que admiro pela forma como perseguem os seus objetivos pessoais e profissionais sem nunca perderem de vista os seus valores. Quem se propõe a fazer isso, qualquer que seja o tamanho do seu palco, acaba sempre por iluminar o caminho para quem vem a seguir (ou segue à volta).

A invenção do dia claro, de José de Almada Negreiros

A melhor descrição que me ocorre é de que se trata de um caderno de ideias. Deu livro, mas tinha tudo para dar um blog: cabem poemas, pequenas entradas do dia-a-dia, jogos de palavras e desabafos. Era mesmo difícil não gostar.

Aqui fica uma entrada deliciosa:

Um dia foi a minha vez de ir a Paris. Foi necessário um passaporte. Pediram a minha profissão. Fiquei atrapalhado! Pensei um pouco para responder verdade e disse a verdade: Poeta!

Não aceitaram.

Também pediram o meu estado. Fiquei atrapalhado. Pensei um pouco para responder verdade e disse a verdade: Menino!

Também não aceitaram.

E para ter o passaporte tive de dizer o que era necessário para ter o passaporte, isto é - uma profissão que houvesse! e um estado que houvesse!

Leituras: Bilhas e garrafões

Numa crónica publicada no Económico, e depois no seu blog, Nuno Artur Silva dá o seu contributo para o debate sobre o futuro dos livros, e encontra uma analogia interessante para abordar a questão:

 

"Num dos últimos fins-de-semana passei pela Feira do Livro para uma sessão de autógrafos a dois com o António Jorge Gonçalves. (...) O Jorge dizia que a multidão de pessoas com sacos cheios de livros lhe fazia lembrar o tempo em que não havia água canalizada e as pessoas iam às fontes com bilhas e garrafões. Hoje em dia os “livros” começam a chegar-nos electrónicos e canalizados e já não falta muito para que todos nós tenhamos, para além do telemóvel e do “computador” portátil, hoje absolutamente banais e essenciais à vida urbana contemporânea, um dispositivo de leitura electrónica portátil, na linha Kindle ou iPad ou o que for. Ironicamente, esta mudança não vai ser a morte do livro em papel, mas a sua salvação. Quando pudermos ler o que quisermos e quando quisermos no nosso leitor portátil, vamos poder perceber e escolher melhor, com melhor critério, aquilo que gostaríamos de ter em edição especial. Como já acontece com os CDs ou os DVDs, aquilo que faz sentido editar são colecções especiais, objectos de design em colecções limitadas e muitas vezes personalizadas pela assinatura dos autores."

(ler mais)

 

Retive a parte das bilhas e garrafões. Toda a gente gosta de um pouco de Bookshelf Porn, mas quem é que hoje em dia tem espaço em casa para guardar todos os livros de que gosta? Continuo a ler menos livros do que devia, mas pus-me a pensar nisso no outro dia, quando voltei a reparar na extrema relutância com que a maioria das pessoas se vê livre de livros de que não gostou ou apreciou especialmente (e que se traduz nisto: não me lembro da última vez que deitei ou vi alguém deitar um livro no lixo). Parece-me que a falta de espaço, o cálculo ecológico e a própria comodidade dos dispositivos electrónicos de leitura (nunca mais ter de sair do sofá para ir ao dicionário ver o que significa aquele palavra, etc) vão encarregar-se de reforçar a analogia das bilhas e garrafões. Embora dê um bocadinho de medo pensar num dia em que não existam mais livrarias (aliás, é aquele tipo de medo que dá vontade de apagar este post e questionar-me do que raio estou para aqui a fazer, a assinalar as vantagens dos iPads e Kindles sobre os livros de papel).

 

(imagem: analog soul, via Bookshelf Porn)

Uma carta de amor ao iPad

O Público pediu a Rui Tavares e Miguel Esteves Cardoso que fizessem uma recensão do iPad. O jornal nem precisou de emprestar um ao historiador, que escreveu uma carta de amor ao iPad a partir do próprio aparelho (para provar que não é assim tão difícil teclar sem um teclado físico).

"Ele é um excelente instrumento de input, e de output também. De inserção e de fruição. O que acontece é que ele passa de forma tão ágil de um papel para outro que os mistura numa espécie de contínuo. Mais do que ativo ou passivo, o iPad é um instrumento imersivo. Focamo-nos no que estamos a fazer nele, seguramo-lo com ambas as mãos, temos tendência a curvar-nos um pouco, quase como quem assume posição fetal. Mas também podemos levantar-nos e levá-lo de reunião em reunião como um caderno que nunca chega ao fim e cujas notas ficam facilmente guardadas para sempre. Imagino que ele vá ser muito prático para médicos internos, que passam o dia de um lado para o outro no hospital; o iPad é uma versão extensiva da tradicional prancheta. Mas também desce o ritmo connosco e depois de um dia de trabalho é um excelente companheiro para quem está apenas anichado num sofá. Permite ler livros como numa biblioteca e comprá-los como numa livraria."

Vale a pena ler o resto do texto, sobretudo pela perspectiva histórica que Rui Tavares oferece.

Uma Europa sem aviões

Nada como um vulcão islandês para nos fazer sonhar com outros mundos.

Na BBC, o filósofo Alain de Botton imagina um futuro sem aviões:

 

Everything would, of course, go very slowly. It would take two days to reach Rome, a month before one finally sailed exultantly into Sydney harbour. And yet there would be benefits tied up in this languor.

Those who had known the age of planes would recall the confusion they had felt upon arriving in Mumbai or Rio, Auckland or Montego Bay, only hours after leaving home, their slight sickness and bewilderment lending credence to the old Arabic saying that the soul invariably travels at the speed of a camel.

 

Por coincidência, na semana passada, antes da crise aérea começar, a Slate publicou alguns excertos de um livro escrito por um dos seus colaboradores, "Grounded: A Down to Earth Journey Around the World", que relata a sua viagem à volta do mundo recorrendo apenas a meios de transporte terrestres: atravessar o Atlântico a bordo de um cargueiro, explorar a Europa de comboio, percorrer o deserto australiano de automóvel, etc. O avião foi o único meio de transporte proibido. Pelo que li, parece ser um livro de viagens divertido, cheio de episódios curiosos que nunca aconteceriam a 10km de altitude na cabina de um avião:

As a result, when people think about travel these days they think purely of destinations. They barely give a nod to the actual ... traveling. The problem with this isn't just that we lose out on the pleasures of trains, ships, bicycles, and all those other terrific modes of rationally paced, ground-level transport. I think we also dim our experience of the destinations themselves. We've forgotten the benefit of surface travel: It forces you to feel, deep in your bones, the distance you've covered; and it gradually eases you into a new context that exists not just outside your body, but also inside your head.

Eyjafjallajokull

Um fenónemo natural, o espaço aéreo europeu fechado, milhares de passageiros presos em terra, chefes de governo retidos e, a pairar sobre tudo, incerteza e expectativa. De algum modo, cabe aqui bem um excerto de "A Jangada de Pedra" (que ainda estou a ler):

"Mãe amorosa, a Europa afligiu-se com a sorte das suas terras extremas, a ocidente. Por toda a cordilheira pirenaica estalavam os granitos, multiplicavam-se as fendas, outras estradas apareceram cortadas, outros rios, regatos e torrentes mergulharam a fundo, para o invisível. Sobre os cumes cobertos de neve, vistos do ar, abria-se uma linha negra e rápida, como um rastilho de pólvora, para onde a neve escorregava, e desaparecia, com um rumor branco de pequena avalancha. Os helicópteros iam e vinham sem descanso, observavam os picos e os vales, abarrotados de peritos e especialistas de tudo quanto parecesse ser de alguma utilidade, geólogos, esses por direito próprio, apesar de agora lhes estar vedado o trabalho de campo, sismólogos, perplexos, porque a terra teimava em manter-se firme, sem um estremecimento, ao menos uma vibração, e também vulcanólogos, secretamente esperançados, não obstante estar o céu limpo, despejado de fumos e fogos, perfeito e liso azul de Agosto, o rastilho de pólvora não passou de comparação, é um perigo tomá-las à letra, esta e outras, se antes não aprendemos a estar prevenidos. Não podia a força humana nada a favor duma cordilheira que se abria como uma romã, sem dor aparente, e apenas, quem somos nós para o saber, porque amadurecera e chegara o seu tempo. Somente quarenta e oito horas depois de Pedro Orce ter ido dizer à televisão o que sabemos, não era mais possível, do Atlântico ao Mediterrâneo, atravessar a fronteira a pé ou em veículos terrestres."

Será que não podemos ter José Saramago a fazer a crónica dos acontecimentos à volta do Eyjafjallajokull?

...

Há uns dias, quando estava a tentar pôr em dia todas as leituras das férias, deparei-me com este artigo do NYT, The Joy of Reading in the Subway, sobre os hábitos de leitura dos nova-iorquinos no metropolitano. O jornal quis saber o que alguns passageiros liam e porquê. É este tipo de jornalismo, que redescobre a curiosidade pelas coisas mundanas e banais, e que faz uma notícia a partir de uma pergunta tão simples como "o que está a ler?", que eu adoro consumir.