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horizonte artificial

ideias e achados.

Lisboa esteve aos seus pés

Tatiana-Mosio Bongonga a atravessar a Alameda na corda bamba

Tatiana-Mosio Bongonga, ontem ao final da tarde, a atravessar a Alameda na corda bamba, perante os milhares de espetadores que vieram assistir ao seu espetáculo, "Linhas voadoras".

Aquele sorriso, que diz quase tudo, é a marca do domínio absoluto que mostrou ao longo da hora que levou a percorrer os 300 metros (aproximados) do meio da Alameda ao topo da fonte luminosa. Foi um dos feitos mais impressionantes, e carregados de tensão, que tive a sorte de poder testemunhar ao vivo. E dou-me, mesmo, muito sortudo por ter apanhado a (demasiado) discreta promoção da Câmara Municipal de Lisboa ao evento.

No final, quando a artista já estava a escassos metros do ponto de chegada, e a curta distância agigantava ainda mais o seu sorriso, momento inesquecível (que justifica chamar de genial à pessoa que idealizou a situação): a fonte luminosa, até aí desligada, ganhou vida e dela pareceu jorrar toda a água e tensão acumuladas durante aquela hora de olhos postos numa mulher de vestido de lantejoulas, sem rede e sem medo, a caminhar no céu de Lisboa.

É de momentos e feitos assim que são feitas as lendas de uma cidade. E Lisboa ontem ganhou mais uma. Bravo, Tatiana!

Uma fotografia de 2018

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O ano passado iniciei aqui uma rubrica no blog que consiste em escolher a minha fotografia preferida do ano (a que escolhi em 2017 está aqui). É a desculpa perfeita para abrir a pasta com as fotografias do ano e maravilhar-me com a  aleatoriedade das minhas voltas pela cidade e não só. Há fotografias que irradiam o calor do verão, outras que me fazem recordar o tempo passado em pastelarias.

E depois há fotografias que quase esqueci de ter feito e que me surpreendem como se tivessem sido feitas por outra pessoa. É o caso da fotografia acima. Foi tirada ali no fim de janeiro e gosto de tudo nela. O que parece o resultado de uma escolha intencional, o foco nas mãos dadas, é na realidade o produto de um acidente resultante da pressa com que tirei a fotografia. Gosto especialmente que seja difícil perceber bem o que está a acontecer: o rapaz está a ser puxado (um "vem daí") ou a apoiar a rapariga no skate?

Gosto de pensar que pode ser as duas coisas e de que estamos a ser puxados para a frente quando nos apoiamos uns aos outros.

Ser livre

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Na semana passada, fui assistir à apresentação do livro do rapper Luaty Beirão, um dos 16 ativistas presos em 2015 pelas autoridades angolanas por se terem reunido para discutir um livro ("Da Ditadura à Democracia", de Gene Sharp). Esteve preso quase um ano, durante o qual fez uma greve de fome de 36 dias em protesto contra a sua detenção, e decidiu recorrer da sua amnistia, apesar do risco que existe de ser obrigado a cumprir o tempo que resta da sua pena de prisão de 5 anos por rebelião e associação de malfeitores.

Por tudo isto, esperava ouvir um homem mais abatido e desiludido. Luaty Beirão mostrou o oposto: uma boa disposição marcada por sorrisos e pela gratidão por toda a atenção e ajuda recebida de amigos, conhecidos e desconhecidos. E mostrou que continua empenhado em desafiar e expor as contradições do governo angolano, apesar do custo pessoal que isso pode ter e já teve. Estou curioso para ler o seu livro, chamado "Sou eu mais livre, então" e baseado no diário que escreveu a partir da prisão, mas já fiquei impressionado com o homem e o exemplo (a "pedagogia da coragem", como lhe chamou, na sala, Daniel Oliveira).

Na fotografia, Luaty Beirão e Mónica Almeida, que falou das consequências da prisão do marido na sua família e atividade profissional como fotógrafa.