Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

horizonte artificial

ideias e achados.

Onde é que este blog anda?

Resposta direta: pelo SAPO Viagens, onde estou a dar uma mãozinha e a minha experiência até agora pode ser resumida num texto, aqui.

Adorei a viagem, amei escrever o texto. O meu próprio interesse por comboios, o deslumbramento com as paisagens do Tejo (o rio da minha aldeia, para citar Pessoa) e a descontração da tarefa fizeram com que este praticamente se escrevesse a si próprio. Não tirei notas ao longo da viagem, por isso, na hora de escrever, limitei-me a "bater umas bolas" com a memória e as ideias lá retidas.

Já tinha qualquer coisa escrita, quando voltei a escutar, do nada, os comentários soltos dos restantes passageiros à minha volta nesse dia. A exclamação sobre o Intercidades, por exemplo, fez-me levar o texto numa direção nova até aí e serviu de base para a ideia central que tentei passar: a experiência de viajar neste comboio histórico é completamente diferente daquela que um comboio normal na mesma linha pode proporcionar.

O relato da viagem estava praticamente terminado, só faltando um título para fechar o artigo, quando me chegou, finalmente, o eco da palavra "descapotável", pronunciada ainda a bordo do comboio por alguém nas minhas imediações. Não trazia nenhum contexto, nem autoria (consigo recordar-me da voz de um homem, mas nada mais). Era apenas uma palavra a aterrar-me aos pés, com a imagem de que precisava para completar a ilustração da diferença que representa, poder abrir uma janela e espreitar para fora da carruagem, viajar de cabelo ao vento e sorriso na cara.

Não é um texto fabuloso nem nada parecido, mas sei que seria metade do texto que acabou publicado, se não me tivesse recordado, no momento certo, dessas palavras à minha volta. Que brisa as soprou na minha direção? Na dúvida, vou passar a fazer como no BeiraTejo (o nome que também prefiro), e deixar sempre uma janela aberta.

inspiração: o "making of" de Making Mirrors



 


Já era o meu álbum preferido do ano até aqui, há uns dias encontrei este pequeno documentário sobre o seu "making of" e fiquei ainda mais fã. As sonoridades de "Making Mirros" são ao mesmo tempo estranhas e familiares, e este vídeo revela um bocadinho do trabalho envolvido na costura desses sons, a partir de um celeiro na Austrália, assim como da serendipidade necessária para os encontrar. O próprio vídeo está muito bem feito e é prova do quão especial é este álbum. Vejam e ouçam.

Jobs

O Pedro Rolo Duarte escrevia há alguns dias no seu blog sobre as pequenas coisas da tecnologia que o fascinam (uma reflexão originada por uma aplicação no seu iPhone, precisamente) e deixam sem saber "onde acaba o futuro". Achei a expressão muito feliz, citei-a aqui e voltei a lembrar-me dela com a morte de Steve Jobs. Se alguém parecia saber onde o futuro começava, e como roubá-lo, era ele.

inspiração: Brandon Schaefer

flickr/Brandon Schaefer

 

Ando à procura de inspiração para pegar num blog que, donde me encontro, parece impossível de redesenhar, e pelo meio encontrei o flickr deste Brandon Schaefer e do seu output criativo, baseado em filmes, livros, séries televisivas, etc. Não sei se dizer se me ajudou ou desmotivou ainda mais, mas tem ali algumas coisas brilhantes.


Abrir )

 

 

achados: The Desk

 

Um pequeno documentário de Mark Gardner sobre a importância da secretária no local de trabalho. A sugestão do vídeo, de que uma secretária revela qualquer coisa sobre a pessoa que nela trabalha, é um óptimo pretexto para ir visitar os locais de trabalho de outras pessoas e espreitar as suas secretárias.

 

Das secretárias que aparecem no vídeo, a de Massimo Vignelli é a minha preferida. Gosto do minimalismo estratégico (só tem em cima da mesa o estritamente necessário, embora alguns já tenham notado que, em dias normais, deve ser difícil passar por ali um cabo de alimentação para o laptop) e da forma quadrada, a convidar à conversa e discussão em torno da mesa (sem separatórias ou disposições que tornam muito difícil sentar alguém ao nosso lado).

 

De qualquer modo, em termos de áreas de trabalho, nada bate ter um pequeno relvado embutido.

 

Vagamente relacionado, este texto de José Mário Silva, sobre a angústia da folha em branco, que além de pintar valter hugo mãe como um "monstro" literário (que nunca hesita antes de escrever e tem sempre a inspiração debaixo do braço) tem esta óptima citação de Afonso Cruz sobre bloqueios criativos e inspiração:

"Afonso Cruz, quando bloqueia, volta atrás: «Se não sei o que escrever, penso sobre o que já escrevi. Julgo que a inspiração é um movimento que se faz para dentro, como nos mostra a respiração.»"

Quando preciso de inspiração para acabar aquele trabalho que está mesmo a chamar por mim e pelo meu melhor é isso que tento fazer: olho para trás e tento perceber o que fiz bem noutras ocasiões (embora também seja fácil cair na repetição). É difícil dizer a quantidade de vezes que isto funcionou comigo, mas é só para mostrar que a angústia da folha em branco também consegue ser particularmente aguda no Photoshop.

Andrew Bird

Confesso, não conheço quase nada de Andrew Bird, mas este cartaz de Frank Chimero deixa-me muito curioso em relação à música dele. Algo que consegue inspirar um cartaz assim tem que ser mágico.

 

Para completar o círculo, encontrei ao acaso um artigo sobre a inspiração de Frank para o cartaz. Cartaz e música conduzem um ao outro:

For his Andrew Bird poster, he narrowed in on "Anonanimal," one of his favorite songs on the Chicago songwriter's latest album, "Noble Beasts." He liked that the lyrics play in alliteration and tongue-twisting phrases.

"I loved the nonsense of it. So, I just started thinking what a non-animal was, and the best I could figure was a cut-out of an animal. It led me to an idea of a real thing inside of a fake world," he said.

"I'm not entirely sure that's what the song is about, but I think it does work well in communicating some recurring themes in Bird's music: natural life and the outdoors versus the interior life and falsehoods. More than anything, it just feels right to my gut. It feels like it's in the spirit of his music."

 


"this song is about choosing which animal you want to be" (via)