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horizonte artificial

ideias e achados.

Julho

Um motivo de entusiasmo

O seu lançamento foi novamente adiado ontem (para agosto, provavelmente), mas vou passar julho, e a primeira metade de agosto, com os olhos postos na Perseverance.

Um livro

Continuo a ler Karénina, e a desfrutar de cada capítulo. Vou na página 200 e tal, e já tive um momento de espanto como há muito não tinha com um livro (não vou dizer mais, para não estragar a surpresa a quem ainda vá ler). É um romance que continua a surpreender-me todos os dias. Dou por mim frequentemente a expressar espanto por ter sido escrito no final do século XIX. A qualidade cinematográfica das descrições e analogias é verdadeiramente impressionante. Vou levar mais livros comigo de férias, mas este continua a superar todas as expetativas.

Uma fotografia por fazer

Esqueci-me totalmente da fotografia por fazer de junho, por isso, a ver se é desta que faço uma fotografia ao céu noturno.

Um filme

Vi esta cena, totalmente fora de contexto, e fiquei sem saber o que fazer do que vi (quem são aquelas pessoas? como se conheceram? o que está a acontecer? o que vai acontecer?). Por isso, o próximo filme, vai ser Les amants du Pont-Neuf.

Um sítio

Mais um espaço para observar a natureza, o Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena, em Sesimbra.

ideias: os novos filtros do Gmail

Não os vou usar, mas gosto da ideia por trás destes novos separadores no Gmail, que filtram e organizam automaticamente o e-mail recebido. A malta de e-mail marketing ainda não deve ter recuperado do choque causado por esta mudança (sendo certo que outros serviços de correio  seguirão o exemplo), mas parece uma forma inteligente de devolver alguma ordem e foco à inbox (embora a batalha pareça perdida para as mensagens do facebook).

um jogo de cartas com a Máfia

A DECO não confirma nem desmente que houve apenas um fornecedor - a Endesa - a tomar parte do leilão de eletricidade da semana passada e a isso junta-se a informação, surgida quase como uma revelação, de que a empresa portuguesa vai cobrar à Endesa uma comissão de 15 euros por cada consumidor que assine contrato como resultado do leilão.

 

A questão principal para quem, como eu, acedeu participar nesta mega-experiência e leiloar os seus dados pessoais à licitação mais alta era esta: o contrato com a empresa vencedora vai diminuir a minha conta de eletricidade em condições justas?

 

A resposta, infelizmente, perdeu-se no meio do ruído e discussão à volta das condições em que foi realizado o próprio leilão, que tinha tudo para ser uma boa ideia. O problema para a DECO está bem resumido no post do Banda Larga, intitulado Só a concorrência induz transparência. Foi preciso aparecer a Associação Portuguesa de Direito do Consumidor para a empresa vir a público explicar parcialmente o que aconteceu no leilão à porta fechada. Ficámos a saber que havia um "pacto de confidencialidade" com as empresas fornecedoras, obtivemos uma explicação algo tímida sobre a tal comissão que sempre esteve em cima da mesa (eu, pelo menos, lembro-me de ler algo sobre isto na FAQ do site do leilão) e pouco mais.

 

O que a DECO não contava - e este é o meu momento Marcelo Rebelo de Sousa - era que os fornecedores de eletricidade, menos que entusiasmados pela ideia de serem chamados a um leilão que não lhes interessava nem um pouco (mas ao qual não se podiam dar o luxo de ser vistos em público a ignorar), tivessem preparado um plano D (de Descrédito público) para ativar em cima e logo após o leilão. Ou que existisse meio mundo à espera de conhecer o resultado do leilão para detrair o mesmo com base naquilo que não sabíamos (ou que não estava bem explicado) desde o início. Parece ter havido, da parte da DECO, um misto de ingenuidade (como combinar um jogo de cartas com a Máfia, ganhar e ainda esperar sair vivo para contar a história) e a ausência de uma boa estratégia de comunicação para a fase crucial do leilão.

 

Existe mais um aspeto interessante, e deprimente, nisto tudo. Reparem como comentário atrás de comentário nos blogs e nas redes sociais refere quase sempre a mesma coisa em relação à DECO: SPAM. Não posso dizer se é realmente isto que se passa hoje em dia com a DECO e a sua estratégia atual de comunicação e marketing, mas serve de exemplo a qualquer pessoa e empresa que esteja a pensar ir por aí: a nódoa do SPAM? Não sai.

Ideias: Quem apanhou a máquina fotográfica?

David Fonseca, no seu facebook, fala sobre uma pequena experiência fotográfica/criativa sua em dias de concerto:

Costumo andar com uma máquina fotográfica descartável no bolso em dias de concerto. Tiro fotos nos bastidores e acabo por levá-la comigo para o palco. No entanto, raramente a levo para casa, ofereço-a a quem a apanhar primeiro no meio de toda a confusão que um concerto oferece. Algumas fotos voltam à origem, outras desaparecem sem deixar rasto. É assim a vida de uma fotografia :)

(foto: David Fonseca)

Spacebits 1


 


Uma das primeiras fotos do Spacebits 1, um balão de alta altitude equipado com câmaras e outras engenhocas, lançado a partir de Castro Verde no passado dia 30. Dá para ver a sua sombra no canto superior esquerdo. O projecto foi desenvolvido no tempo livre de algumas pessoas que trabalham no SAPO e mostra o quão longe o entusiasmo nos pode levar. Neste caso, até à estratosfera. O resto da sequência de fotografias, feita à medida que o balão se vai afastando da superfície, é de tirar o fôlego. É incrível pensar como um esforço quase caseiro, lançado a partir da planície alentejana, consegue gerar fotografias espantosas da curvatura da Terra.

Twitter

Ideia para um "cliente" do Twitter: um programinha que fica minimizado no computador e que abre aleatoriamente, de tempos em tempos, uma janela com a pergunta "what are you doing?" e um campo para responder.

 

É uma coisa parar tudo para ir ao Twitter dizer o que estamos a fazer, e outra ser "interrompido" no decurso daquilo que estamos realmente a fazer ou pensar (ao computador, pelo menos, embora a coisa também possa ser estendida ao telemóvel, por SMS).

 

Acho que as respostas, e os tweets resultantes, pelo nível de espontaneidade, seriam muito curiosos.

Amor à última vista

Não foi uma semana inspirada para mim, mas o mesmo não pode ser dito da Leonor, que ontem à tarde se apaixonou à última vista na estação de comboios de Évora e decidiu criar um blog para contá-lo ao mundo (e também, quem sabe, encontrá-lo). Não é assim tão simples (ela explica-o aqui), claro, mas também não é para complicar. Vale a pena seguir as reacções das pessoas nos comentários (o blog está em destaque no SAPO, o que está a dar alguma exposição ao projecto). Tirando o habitual quiqueriqui sobre os destaques, grande parte dos comentários parece positivamente surpreendida com a ideia.

o medo é um sítio

Este blog só lá vai com "desbloqueadores de conversa". O mais recente ocorreu-me enquanto pensava numa hipotética sugestão para a pergunta diária do Livejournal: o momento mais assustador de 2008?

 

O meu seria aquele momento, ali entre a uma e as duas de manhã do dia 3 de Outubro, ali entre a confusão e o medo de estar perdido, algures no 19º distrito de Paris pouco depois do concerto de Bon Iver na La Maroquinerie. Tinha feito o percurso inteiro a pé do hostel à disco durante o dia, e estava confiante na minha capacidade de orientação para fazer o mesmo percurso durante a noite: "é seguir sempre em frente", foi o meu brilhante plano.

Desperdicei a oportunidade de apanhar o metropolitano, enveredei pelas ruas que me levavam na direcção do hostel e não olhei mais para trás, até que dei por mim sem pontos de referência, nada pelo qual eu tivesse passado poucas horas antes, virasse por onde virasse. Sabia que devia continuar para noroeste, mas tirando isso não sabia onde estava.

 

Finalmente, depois de 10 minutos, consegui encontrar a rua por onde tinha vindo nessa tarde e retomar o caminho certo, mas esse pequeno desvio proporcionou-me o momento mais assustador do ano. Se o medo fosse um sítio, seria um onde nunca tivéssemos estado antes.

 

Quando já me preparava para escrever este post, encontrei esta ideia no blog de David Horvitz (um tipo que começou a publicar todos os dias uma ideia para fazer algo de diferente, ou apenas de maluco, durante o dia):

 

 

Gostava de ver a minha cara naquele momento (mas tirei esta fotografia, porventura para recordar o momento em que respirei de alívio por não ir dormir num banco de rua em Paris).

 

Achei piada a esta ideia de explorar a sensação de estar perdido como se fosse uma maneira de acordar os sentidos e quebrar a rotina, comparável a ir ao cinema ou desafiar o paladar com comida exótica.