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horizonte artificial

ideias e achados.

Follow friday #4: Arca de Darwin

É um dos poucos blogs de fotografia e natureza que ainda resistem na blogosfera portuguesa e dá-me muito orgulho que esteja no nosso bairro. Falo da Arca de Darwin, que já coleciona maravilhas e curiosidades da natureza desde 2012 e podia (devia) ter dado uma crónica num jornal. Para nossa sorte, deu um blog, que podemos seguir facil e gratuitamente aqui ao lado. Não é raro pesquisar informação sobre uma espécie qualquer de flor ou árvore e o blog do Miguel ser o primeiro (e mais esclarecedor) resultado no Google. A esse conhecimento, o Miguel junta ainda um grande talento para a fotografia que invejo e me inspira continuamente. Não é preciso melhor recomendação do que essa.

Follow Friday #3: Brr

Estamos em 2023 e quando pensamos que já não é possível encontrar um blog que trate um tema ou situação absolutamente nova, descobrimos o brr, um diário mantido a partir de um dos locais mais remotos do planeta, a Antártida.

O autor é um engenheiro informático norte-americano que está a trabalhar e viver numa das bases científicas dos EUA mais isoladas do continente gelado, a meros 100 metros do ponto que assinala o Pólo Sul. É um local tão extremo, em termos de clima e geografia, que está efetivamente cortado do mundo durante os seis meses do inverno polar. Nessa altura, entre fevereiro e outubro, a estação é mantida por uma equipa de 50 elementos entregues a si próprios, sem qualquer ligação aérea ou terrestre possível à base mais próxima (sem exceções, até para emergências médicas).

Outros já mantiveram diários a partir de sítios remotos, mas este blogger oferece um ponto de vista no qual a maioria das pessoas é capaz de se rever. Não sendo cientista, militar ou veterano deste género de trabalhos, o autor parece-se com alguém que podia ter caído ali de pára-quedas e começado a fazer perguntas sobre tudo. Ele não aprofunda a sua motivação para se ter voluntariado a passar meio ano fechado no Pólo Sul, mas imagino que não é algo que se faça de ânimo leve.

Os posts são esporádicos, mas muito completos (sem serem técnicos ou fastidiosos no nível de detalhe) na forma como abordam cada vertente do funcionamento e quotidiano da base. Não tenho dúvidas de que, mais cedo ou mais tarde, irá inspirar uma série (ficção, documentário, policial ou terror na neve, o que quiserem) na Netflix. Não sou argumentista, mas só de ler o blog, consigo imaginar alguns enredos que podiam ter lugar ali.

É uma experiência pela qual eu gostava de passar? Uma pandemia, e uma Jornada Mundial da Juventude depois, tenho que responder negativamente. Imagino que fosse capaz de aproveitar bem o confinamento (e vencer no Goodreads), mas passar seis meses sem ver o sol seria terrível para mim. Mesmo no verão, a ideia de não ver terra, árvores e/ou quaisquer outros seres vivos (além de humanos) durante tanto tempo é algo que me parece intolerável ao ponto de parecer uma tortura psicológica desnecessária. Esta região toca tantos extremos (a temperatura média mais baixa registada, por exemplo, chegou aos 73 graus Celsius negativos) que é difícil de acreditar que faz parte do mesmo planeta que nós.

Follow Friday #2: Entre Parêntesis

Nesses tempos longínquos dos anos zero, um dos blogs mais procurados no SAPO era dedicado ao universo Twilight, baseado nos romances da escritora Stephenie Meyer. A popularidade da saga foi provavelmente um dos maiores, e últimos, fenómenos mediáticos a trazer gente à blogosfera portuguesa. E uma das pessoas que veio para ficar foi a Carolina, uma das autoras do Twilight Portugal e daquele que viria a tornar-se um dos meus blogs preferidos, o Entre Parêntesis. Guardo sempre os seus posts para ler mais tarde, com atenção, e evitar a leitura diagonal que é um dos grandes vícios do meu ofício muito particular. Gosto muito do título do blog, não só pelas várias camadas de sentido que sugere, mas porque admiro quem sabe usar estrategicamente, e para grande efeito, os parêntesis.

Aprecio ler os seus roteiros de viagem (vale a pena recuperar aqui os posts dedicados ao Japão), de me rever em algumas das suas fontes de ansiedade e de rir com o seu sentido de humor (marcado por um género muito próprio, pontual e sem malícia, de sarcasmo). Ainda assim, aquilo que mais se destaca para mim na Carolina é que me parece tratar-se de alguém com uma ideia muito precisa da pessoa que gostaria de ser e do que precisa de fazer para alcançar essa visão de si mesma. É isso que torna tão interessante, para um leitor de longa data como eu, acompanhar o que pensa sobre o que lhe acontece e rodeia. Um dos seus textos mais recentes, datado de março, ilustra bem aquilo a que me refiro e alguns dos valores que a norteiam. Não é todos os dias que leio uma empresária portuguesa a escrever daquela maneira sobre o mundo do trabalho e dos negócios. Dá-me esperança e algum conforto saber que, algures, existem pessoas como a Carolina a tentarem viver à altura das suas (altas) expetativas para o mundo e si próprias.

Em 2020, poucas semanas antes da pandemia chegar a Portugal, pude entrevistar a Carolina para um esboço de podcast sobre blogs no blog oficial da nossa plataforma. A conversa aconteceu virtualmente, mas foi tão descontraída e agradável como esperava que fosse. A Carolina é uma daquelas pessoas que se nota pela voz quando sorriem e isso já diz algo sobre o seu carisma. Se sentirem curiosidade, fica a dupla recomendação, para ler e ouvir.

Follow Friday #1

Há mesmo muito tempo que tenho vontade de recomendar aqui blogs. Passo boa parte do dia a olhar e destacar blogs, daí que me pareça sempre um bocadinho redundante vir aqui fazê-lo novamente. Ainda assim, acho importante valorizar quem faz parte do nosso dia-a-dia, mesmo que apenas virtualmente, pelo que recupero aqui uma prática do twitter, chamada follow friday, e já caída no esquecimento, que envolvia sugerir à sexta-feira outros autores para seguir na plataforma.

Hoje é sexta-feira, por isso nada como agarrar a oportunidade e estrear a rubrica com um blog que faz parte da minha lista de leituras há anos. A Alice é uma observadora nata, alguém que consegue decalcar com delicadeza os detalhes de qualquer grande imagem e passá-los à escrita. Sei muito pouco sobre si, mas revejo-me no seu deslumbramento pela natureza (espreito sempre com curiosidade, e uma pontinha de inveja, os seus "postais" de Setúbal e do estuário do Sado) e na graciosidade com que encara o quotidiano. Também vale a pena referir a beleza, e pertinência, dos poemas e escritos de terceiros que vai partilhando no seu blog.