Ser livre
Na semana passada, fui assistir à apresentação do livro do rapper Luaty Beirão, um dos 16 ativistas presos em 2015 pelas autoridades angolanas por se terem reunido para discutir um livro ("Da Ditadura à Democracia", de Gene Sharp). Esteve preso quase um ano, durante o qual fez uma greve de fome de 36 dias em protesto contra a sua detenção, e decidiu recorrer da sua amnistia, apesar do risco que existe de ser obrigado a cumprir o tempo que resta da sua pena de prisão de 5 anos por rebelião e associação de malfeitores.
Por tudo isto, esperava ouvir um homem mais abatido e desiludido. Luaty Beirão mostrou o oposto: uma boa disposição marcada por sorrisos e pela gratidão por toda a atenção e ajuda recebida de amigos, conhecidos e desconhecidos. E mostrou que continua empenhado em desafiar e expor as contradições do governo angolano, apesar do custo pessoal que isso pode ter e já teve. Estou curioso para ler o seu livro, chamado "Sou eu mais livre, então" e baseado no diário que escreveu a partir da prisão, mas já fiquei impressionado com o homem e o exemplo (a "pedagogia da coragem", como lhe chamou, na sala, Daniel Oliveira).
Na fotografia, Luaty Beirão e Mónica Almeida, que falou das consequências da prisão do marido na sua família e atividade profissional como fotógrafa.