A bordo da Eurovisão
Pude assistir ontem ao vivo à segunda semifinal do Festival Eurovisão da Canção, e aqui ficam alguns tweets rápidos:
- para quem cresceu a ver televisão em Portugal, estar na sala quando começa a tocar o Te Deum, o hino da Eurovisão que assinala o início da transmissão, é meio surreal;
- a Eurovisão é, definitivamente, mais um evento televisivo do que um espetáculo de música ao vivo: a contagem decrescente para "entrarmos no ar" e depois a passagem do hino causa a impressão de estarmos todos a participar de algum acontecimento místico, quais astecas à espera do nascer do sol televisivo;
- tratando-se de um ritual asteca, tem de haver uma criatura sacrificada, claro: a música;
- a logística envolvida na gestão de tantas câmaras, efeitos de luz (e fogo!) e pessoas parece mais incrível ao vivo - o geek dentro de mim estava de eyes wide open a tudo o que se passava à volta do palco;
- o facto de tudo ter corrido bem (ao nível da transmissão e do evento), sem falhas aparentes, é um feito impressionante para todos os envolvidos (incluindo as apresentadoras portuguesas);
- um dos raros grandes eventos a que fui em que havia fila para a WC dos homens (diz qualquer coisa sobre a demografia da audiência);
- se pudesse corrigir a célebre frase de Salvador Sobral, diria que a música não é só fogo-de-artifício, mas as canções ontem a concurso eram, de facto, praticamente só fogo-de-artifício, o que é especialmente caricato tendo em conta a razão porque o concurso este ano está a decorrer em Lisboa;
- apareci na Altice Arena sem ter ouvido qualquer uma das canções a concurso nesta semifinal e não levo dali favoritos para a final;
- colocar música a concurso é sempre um exercício um bocadinho parvo, mas o público aplaudiu todos os concorrentes em palco por igual, o que reforça a atmosfera de festa descontraída e de encontro de culturas, que me parecem ser as principais qualidades da Eurovisão;
- não sei dizer se passou na transmissão televisiva (porque já aconteceu naquele compasso de espera enquanto a votação está a decorrer), mas um dos momentos altos da noite, para mim, foi voltar a ouvir um bocadinho do "E depois do adeus";
- a final promete a atuação da canção portuguesa, da Cláudia Pascoal, e um dueto entre Salvador e Caetano, por isso, sim, dava um pequena parte de um rim (de pastelaria) para poder assistir ao vivo à final, no sábado.