Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

horizonte artificial

ideias e achados.

Nunca vou deixar as luzes do carro ligadas

Este fim-de-semana, pela primeira vez, conduzi sozinho ao longo de algumas centenas de quilómetros de auto-estrada. Tenho lido muito sobre a sensação de liberdade de andar de bicicleta (precisamos de um verbo para aquilo que fazemos realmente em cima de uma bicicleta, ali entre o andar, o deslizar e o engrenar), mas confesso o deslumbramento com a velocidade e o progresso de um automóvel numa estrada vazia. O meu não é particularmente veloz nem confortável, mas ainda não me habituei totalmente à ideia de poder entrar e manobrar inteiramente sozinho uma máquina a grande velocidade (no meu caso, entenda-se "grande velocidade" por 110km/h, que raramente ultrapasso). Dou algumas vezes por mim a pensar nos milhões de horas de trabalho necessárias para desenvolver, fabricar e aperfeiçoar os sistemas que me rodeiam e reduzem a complexidade da operação da máquina a alguns gestos e procedimentos.

Sei que a história do automóvel está muito ligada ao desenvolvimento do capitalismo, do individualismo, do urbanismo, entre outros -ismos, e que muito pode, e deve, continuar a ser dito em relação à nossa dependência do automóvel. Posto isto, é igualmente inegável que conduzir um automóvel em direção ao horizonte está entre uma daquelas experiências que provavelmente surripiámos aos deuses. Tenho amigos que falam disso como fazer terapia. Muito embora eu não esteja nesse nível (para começar, a terapia sairia mais barata, dado o preço dos combustíveis), sou levado, muito a contra-gosto, a concordar.

O meu elogio do automóvel é, acima de tudo, o elogio da distância que este permite atravessar sem grande envolvimento físico. Mas também é um elogio do refinamento da máquina, seja na redução da sua perigosidade, seja no aumento do seu conforto. Um exemplo disso é um dos meus detalhes preferidos do automóvel que conduzo: o alerta sonoro que dispara quando abro a porta ainda com os faróis acessos. Vê-se cada vez menos  nas nossas ruas (até porque a tecnologia mais recente já desliga as luzes automaticamente), mas sempre que avisto uma viatura estacionada com os faróis ainda acessos, comprazo-me pela atenção que alguém teve na introdução desta (aparentemente) simples funcionalidade no modelo do meu carro. Gosto dessa sensação, quase luxuosa, cada vez mais rara, de ter menos uma preocupação na vida.

carros: Fiat 500

Hoje passei os olhos por tantas coisas que gostaria de partilhar aqui, mas o mais recente vídeo do já aqui mencionado Petrolicious venceu-me logo pela manhã: a cor da pintura, o primor colocado na renovação do carro e, claro, o óbvio gozo que dá à sua dona conduzi-lo. (é quase assim que imagino a Carla a andar pelas ruas de Lisboa - até a cor do blog quase que coincide com a do carro)

Achados: Nissan Figaro

Sou um utente fiel e evangelizador dos transportes públicos, mas esta pérola automobilística, descoberta via Frank Chimero, fez-me questionar a minha fé.

 

Foto: Flickr/Aurélien.

Apresento-vos o Nissan Figaro, um modelo retro produzido pela marca japonesa durante a década 90. A Wikipédia não se alonga muito sobre a história do descapotável de duas portas, mas suponho que tenha sido fruto de um devaneio nostálgico da fabricante. Isso ou alguém sentiu-se muito inspirado no dia em que enviou esta beleza para produção (embora só tenham sido fabricadas 20 mil unidades). Segundo a Wikipédia, o carro foi comercializado apenas no Japão, mas as importações ajudaram a torná-lo popular noutros países, sobretudo no Reino Unido.

 

Foto: flickr/brianwferry

Tão popular, aliás, que inicialmente, os potenciais compradores japoneses tinham de se inscrever numa lotaria para terem a possibilidade de comprar um.

 

Foto: Flickr/Christina T.

Uma dessas unidades deve ter uma história curiosa para contar, ou não tivesse ido parar à venda em Cucujães (Oliveira de Azeméis), por 8.500 euros (negociável, segundo consta).

 

Foto: Flickr/Eric Flexyourhead.

O interior do descapotável. 8.500 euros já devem estar a parecer uma pechincha por esta altura, certo?

 

Foto: Flickr/ThePhotowagon.

Pesquisei por provas fotográficas da presença do Figaro em Lisboa, mas sem sucesso.

 

Foto: Flickr/NWT 2005.

Ok, não tenho mais nada a acrescentar. A este ponto, trata-se de pura luxúria visual.

 

Foto: Flickr/Ketamyska.

Se este post ajudar a alguém a encontrar o seu bólide, não se esqueçam depois de oferecer uma voltinha :)