Fui até Alcoutim no final de março, caminhar sobre água. Não acreditam? Podem ler o meu texto no SAPO Viagens, se a ideia vos intrigar. A viagem até lá não correu exatamente como queria, nem a de regresso, mas voltei deslumbrado pelo que vi nesses poucos dias à beira das estradas alentejanas, a começar pelas manchas de cor que certas flores deixam na paisagem por esta altura do ano (gostava de saber identificá-las aqui, mas ainda não fiz esse trabalho de casa).
A isso junta-se a constante expetativa em que ficamos perante os painéis de alerta aos automobilistas para a passagem na zona de linces-ibéricos. Não cheguei a avistar nenhum (o que, bem vistas as coisas, é bom sinal), mas os sinais rodoviários já foram uma grande surpresa só por si. Entrar no território de uma espécie tão especial (o maior felino em Portugal) apanhou-me desprevenido, sobretudo depois de ter visto em setembro o documentário Montado no cinema. Aqueles sinais à beira da estrada também mostram que alguém está empenhado em ajudar este animal a recuperar o seu espaço e a evitar a extinção.
Queria ter parado mais do que parei nesta curta incursão alentejana, e fotografado mais do que fotografei, mas o problema de uma viagem de automóvel é que parece comprimir tudo, até o tempo para parar e reparar com atenção. Fica para a próxima, prometi a mim mesmo.