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horizonte artificial

ideias e achados.

Um postal de Odemira

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Nunca apanhei tanta chuva a conduzir como naquele dia, mas valeu muito a pena ter percorrido a N263 até Odemira, especialmente a partir de Santa Luzia. Sem exagero, e para grande surpresa minha (que esperava uma zona mais árida, vá se lá saber porquê), pareceu-me uma das estradas mais bonitas que fiz até hoje (agora que penso nisso, arrependo-me de não ter anotada algures uma lista com estes caminhos), bordejada de muitas árvores e tons da primavera. Fica a recomendação e a promessa de um regresso (a pé, quem sabe).

Um bom sinal à beira da estrada

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Fui até Alcoutim no final de março, caminhar sobre água. Não acreditam? Podem ler o meu texto no SAPO Viagens, se a ideia vos intrigar. A viagem até lá não correu exatamente como queria, nem a de regresso, mas voltei deslumbrado pelo que vi nesses poucos dias à beira das estradas alentejanas, a começar pelas manchas de cor que certas flores deixam na paisagem por esta altura do ano (gostava de saber identificá-las aqui, mas ainda não fiz esse trabalho de casa).

A isso junta-se a constante expetativa em que ficamos perante os painéis de alerta aos automobilistas para a passagem na zona de linces-ibéricos. Não cheguei a avistar nenhum (o que, bem vistas as coisas, é bom sinal), mas os sinais rodoviários já foram uma grande surpresa só por si. Entrar no território de uma espécie tão especial (o maior felino em Portugal) apanhou-me desprevenido, sobretudo depois de ter visto em setembro o documentário Montado no cinema. Aqueles sinais à beira da estrada também mostram que alguém está empenhado em ajudar este animal a recuperar o seu espaço e a evitar a extinção.

Queria ter parado mais do que parei nesta curta incursão alentejana, e fotografado mais do que fotografei, mas o problema de uma viagem de automóvel é que parece comprimir tudo, até o tempo para parar e reparar com atenção. Fica para a próxima, prometi a mim mesmo.

Alqueva

Dois praticantes de remo em pé junto à barragem do Alqueva

Foi a primeira saída da cidade em quatro meses e juntou o desconfinamento à descoberta do que pode ser descrito como um verdadeiro horizonte artificial. Não houve muito tempo para planear a viagem ou demorar em cada paragem, por isso soube mais a visita de reconhecimento do que a escapadinha. Estava um pouco ávido de me fazer à estrada e de ver e parar em sítios novos. Voltei interessado em saber mais sobre esta região, e já ando a espreitar alguns livros que ajudem a perceber como era antes da barragem e o que mudou com a sua construção. O impacto na paisagem é óbvio e factualmente impressionante (o maior reservatório artificial de água da Europa Ocidental, segundo a Wikipédia). Falta conhecer o resto.