O momento em que um primo, com apenas 7 anos, me pediu para ir com ele brincar ao fundo da rua, e vejo, quando lá chegamos, que o "fundo da rua" não tem nada daquilo a que nós, que vivemos numa cidade, associamos à expressão. No caso dele, o fundo da rua é uma estrada que se perde de vista entre montes, árvores, moinhos e uma tabuleta a indicar a direção da "BARRAGEM". É assim que o fundo da rua devia parecer-se todos os dias.
Estradas vazias, nas quais o rádio do carro parece sair do alcance das emissões e gente idosa nos acena à passagem (talvez por ser tão raro alguém enveredar por ali).
Um cenário que uma fotografia não conseguia captar (mas que talvez um GIF conseguisse): ao espreitar pela janela de um dos alojamentos pelos quais passei, ver a lua em quarto crescente contra um céu estrelado e, no horizonte, o rasto cadenciado e silencioso de um farol escondido abaixo da linha de visão. Ninguém me convence que os faróis, hoje em dia, servem sobretudo quem está em terra firme.
Porque nem tudo pode ser bom, o mau acolhimento (porque é disso que se trata, e não tanto de atendimento) que senti nas várias pastelarias em que entrei ao longo da viagem. Agosto traz sempre mais clientela para estes sítios, e percebo o trabalho acrescido que isso implica, mas não há desculpa para a forma como fui atendido algumas vezes.
Padarias onde o pão se diferencia pelo nome da terra onde foi feito.
Não foi o suficiente para desligar, e questiono-me do que precisava (mais duas semanas? uma zona sem rede e eletricidade?) para conseguir isso.
Saldo das leituras: consegui ler 2 dos 4 livros levados.
Observar os ocasionais mochileiros solitários, a descerem das camionetas da Rede Expresso com um ar de ligeira apreensão, mas também de discreto orgulho por estarem tão longe de casa. Fico sempre um bocadinho invejoso, porque já estive no lugar deles e sei que, apesar da apreensão inicial, vai correr tudo bem e vão achar tudo maravilhosamente diferente.