Os aviões
Até ao passado domingo, fui o único cá de casa a pôr os pés na rua durante duas semanas, para fazer compras ou ir correr. Pelo caminho, tento prestar atenção a tudo e todos os sinais que denunciam os tempos que estamos a viver. É por isso que fui apanhado de surpresa por uma observação que devia ter sido eu a fazer: há já vários dias (semanas?) que não se ouvem aviões nesta parte de Lisboa.
Na semana passada, o estado de emergência foi renovado. Já se fala da fase seguinte, do "mundo que aí vem", como li algures. Tenho pensando de vez em quando nos negócios locais que frequento (livrarias, pastelarias, restaurantes, etc), e nas hipóteses de cada um deles sobreviver a este encerramento forçado. Em alguns casos, depois da pressão do turismo e da especulação imobiliária, a pandemia pode vir a ser o golpe final.
Quanto a mim, já tive mais certezas de não vir a ser diretamente afetado por tudo isto. Por agora, todavia, é mais importante pensar em como reforçar as rotinas e continuar a motivar quem conta comigo no dia-a-dia.
Desisti, entretanto, de publicar estes posts em diferido. À medida que o tempo passa, dou pela minha atenção a deslocar-se gradualmente da pandemia para as chatices, distrações e obsessões de antigamente. É o maior sinal, para mim, de que os dias começam, enfim, a parecer-se mais uns aos outros.