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horizonte artificial

ideias e achados.

O X não marca o lugar

Apanhei uma referência ao Feedly num blog esta semana, pela primeira vez em anos, e lembrei-me subitamente que já não o abria há quase tanto tempo. Fui a correr espreitar o leitor de feeds e, para meu espanto, a minha conta ainda estava ativa e a receber as atualizações de um punhado de blogs dispersos pela internet afora, sobretudo norte-americanos.

Dei-me ao trabalho de limpar as subscrições que já não funcionam (blogs que foram apagados e perderam-se no éter binário) e, apesar de tudo o que já sabemos sobre a grande crise na blogosfera, não consegui evitar ficar admirado com a quantidade de domínios desaparecidos (alguns deles criações geniais, das quais não abdicaria facilmente, se tivessem surgido da minha cabeça).

E onde é que andei para perder de vista o Feedly durante todo este tempo? O Blogs tem uma área de leituras que funciona como um leitor de feeds e que me deixa acompanhar todos os blogs que subscrevo no charco. Ocasionalmente, vou espreitando os blogs que são atualizados noutras plataformas e que não aparecem nessa área, mas ter um leitor de feeds que faz isso por nós é muito melhor, claro. Infelizmente, o Feedly parece ter mudado consideravelmente desde a última vez que o usei, com publicidade a aparecer dissimulada na listagem de posts atualizados. Vou dar uma oportunidade, mas sinto que já estou com um pé na rua novamente.

Há outro motivo para sentir um certo vazio nas minhas rotinas digitais, precipitado por aquilo que só consigo designar como o "fim" do Twitter. Para mim, o final coincidiu com o dia em que abri o telemóvel e dei com o ícone e o nome do pássaro azul trocados por um X branco em fundo preto. Assim de repente, não me ocorre outro exemplo em que uma marca tão conhecida tenha simplesmente desaparecido da noite para o dia, para dar lugar a algo que, literalmente, não é possível verbalizar e não parece ter associada qualquer ideia substantiva.

Ainda tenho a minha conta no-antigo-serviço-conhecido-por-Twitter, mas despromovi a aplicação para um ecrã secundário no telemóvel (para contrariar o gesto automático de abertura) e passei a publicar mais regularmente no Mastodon, uma plataforma que se parece com o antigo Twitter, mas à qual ainda faltam algumas coisas, a começar por gente para seguir. O lado bom: parece um sítio mais sossegado e amigável do que a plataforma que pretende emular. O lado mau: sinto uma falta enorme da facilidade com que seguia diariamente alguns OCS e instituições que foram tornando o Twitter cada vez mais interessante. O exemplo mais patético de uma conta de que sinto falta é a "Palavra do Dia", do dicionário da Priberam, que soube casar uma funcionalidade já existente da sua página com um meio de comunicação ideal para espalhar, bom, a palavra, sem tirar nem pôr. Adoro a simplicidade daquela conta (exatamente uma palavra, e uma rodela de conhecimento, por dia, sem anúncios ou outras brincadeiras de comunicação) e é um exemplo perfeito de como a brevidade podia brilhar no Twitter.

Uma parte de mim está convencida de que ainda voltaremos a ver o pássaro azul a piar por aí (parece-me que há simplesmente demasiadas pessoas neste mundo que se afeiçoaram àquele conceito para ser deixado no caixote do lixo). Enquanto isso não acontece, continuo a experimentar alternativas, à procura de um novo galho para pousar.