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horizonte artificial

ideias e achados.

Márcia

Márcia no SAPO e no Coliseu

"Vem passar por dentro da tempestade", canta a Márcia, e foi essa a sensação que ficou de ouvi-la ontem à noite, bem no meio da sala do Coliseu dos Recreios, enquanto a depressão Elsa passeava lá fora.

Fui sozinho, sem guarda-chuva (molhado, portanto) e sem grande vontade de sair de casa, mas saí recarregado de boas vibrações e com a vontade de ter ficado mais um bocadinho a ouvi-la - o indicador de um bom concerto.

Sou marciano desde a primeira vez que a ouvi a cantar Deixa ser com o David Fonseca, embora só a tenha visto pela primeira vez ao vivo em junho, no Porto. O seu quinto álbum Vai e Vem, de 2018, é o que conheço melhor e é uma preciosidade feita de pequenas preciosidades com 2 a 3 minutos.

No início de dezembro, bom destino, a Márcia visitou o SAPO, para uma mini-atuação transmitida na net, e pude dizer-lhe na primeira pessoa o quão especial foi o concerto no Porto. Além dos técnicos e da equipa de comunicação, eu e uma colega éramos os únicos espetadores na sala. Não é todos os dias que temos uma das nossas artistas preferidas a atuar ao vivo só para nós (vá, vamos esquecer as pessoas que sintonizaram pela internet). E foi tão acessível e carismática quanto a sua música sugere. Só alguém assim me faria querer e atrever a pedir a fotografia acima.

Ontem foi um bocadinho diferente, com mais algumas pessoas na sala.. tratou-se do seu primeiro grande concerto a solo e deu para sentir a sua emoção com a chegada a este ponto da carreira. Fez vários agradecimentos ao público, mas o "Obrigado por me trazerem até aqui" foi o mais bonito que me ficou na memória.

Quanto a mim, o que me fascinou mais foi sentir aquele ligeiro arrepio quando começavam as minhas canções preferidas. Depois de horas e horas de audição no Spotify, reconhecê-las fora de casa é um pouco como sair à rua de pijama..

Um dos pontos altos da noite foi cantado com a ajuda do público a partir do camarote presidencial do Coliseu. Não conhecia a sua versão d'A presença das formigas, de Zeca Afonso, mas a liberdade nunca soou tão doce quanto pela voz da Márcia:

Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida

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