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horizonte artificial

ideias e achados.

Ainda há tempo para fevereiro?

O que ficou esquecido em março? A pergunta surgiu-me ao pensar nos planos cancelados ou adiados, nas bagatelas que ficaram ainda mais insignificantes, nos pequenos nadas (como a bica ao balcão) que ficaram por fazer. Uma autora aqui do bairro encontrou a duração certa de março: parece ter sido um mês com os 366 dias do ano dentro.

Uma resposta possível à pergunta: fevereiro parece ter ficado esquecido. Apercebi-me disso há uns dias, ao editar as fotografias que ainda esperavam no cartão de memória da câmara. É daí que veio a ideia de fazer um post com algumas fotografias de fevereiro.

A primeira fotografia é de uma pequena encosta de Monsanto, pintalgada de violeta (Vinca major, uma planta que me farto de ver por todo o lado há anos e que só agora fui pesquisar) e amarelo (acho que se tratam de trevos-azedos, Oxalis pes-caprae, mas não tenho a certeza, porque ficaram todas desfocadas ).

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Ainda não consegui identificar esta árvore, já nem me recordo bem onde a vi em Monsanto, mas tudo nela parece dizer Primavera.

Atualização 02/05/20: Parece ser um abrunheiro (Prunus insititia L.).

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A verdadeira planta-mistério, todavia, é esta. Apareceu em força, no início do mês, à beira de praticamente todos os caminhos que percorri em Monsanto. Foi realmente espantoso ver como, numa questão de dias, tomou conta de todos os espaços não ocupados por árvores ou árbustos, lançando no ar um odor ligeiramente azedo. Tirei-lhe fotografias de todos os ângulos possíveis, mas continua a iludir uma identificação precisa (só sei dizer que parece ser da família das apiaceae).

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Sou só eu a achar que a estrelícia não é uma flor fácil de fotografar? Como uma figura de origami, se não for vista do ângulo certo, pode parecer treze coisas diferentes: um punho delicado no ar, uma jóia, um fruto exótico. Não há problema algum nisso, pelo contrário, mas sinto que escapa sempre ao meu olhar. A que olhos pretende agradar com tal exuberância? Ou que predadores precisa de enganar?

Encontrei esta grande concentração de estrelícias à entrada da Estufa Fria de Lisboa, num domingo em que passámos lá de visita. Vistas assim, com os primeiros raios de sol do dia a incidirem nas suas pétalas amarelas, parecem um bando de aves exóticas a conviverem em terra. Talvez venha daí o seu outro nome, ave do paraíso?

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Por fim, uma fotografia que, aos meus olhos de abril, me pareceu extraordinária ao sair da memória da câmara. Em primeiro plano, um grupo de pessoas sentadas na relva a desenharem uma das estátuas do jardim Gulbenkian (que foi o que atraiu a minha curiosidade no momento). Lá atrás, outras aproveitam os derradeiros raios de sol da tarde, com destaque para a leitora de chapéu branco. Apetece perguntar quem são estas pessoas, que desenham, lêem e conversam ao ar livre, totalmente abstraídas da presença umas das outras. Parece, sem mérito próprio, o famoso quadro de Georges Seurat. Parece outra era. Foi só há um mês.

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