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horizonte artificial

ideias e achados.

Ainda há esperança

Em outubro de 2020, aqui no blog:

É esta a raiz da minha aflição com Trump: ser obrigado a ver, quase todos os dias, como o pior entre nós conseguiu dominar e quase atrofiar a discussão pública dos grandes problemas que se colocam à sociedade norte-americana e à opinião pública mundial, do racismo institucional ao aquecimento global.

Os resultados das presidenciais de terça-feira ditaram que vamos ter mais quatro anos de imprevisibilidade pela frente. Mesmo que as coisas não corram muito mal (quem poderia ter adivinhado, em 2016, que teríamos uma pandemia global ao virar da esquina?), é garantido que não será com a ajuda dos EUA que vamos dar os passos necessários para endereçar alguns dos maiores problemas que se colocam ao mundo (a paz em Gaza e na Ucrânia, a crise climática e os abusos e desequilíbrios que continuam a forçar tanta gente para longe das suas origens).

Se as coisas não estão bem hoje (e não estão), não vejo como é que alguém que descartou repetidamente a civilidade e empatia para ser eleito vai conseguir contribuir para ajudar a melhorá-las. O trabalho de todos os que tentam fazer alguma diferença diariamente pelo seu exemplo vai ficar, mesmo que de modo infinitesimal, mais difícil. E, ainda assim, não podemos desanimar ou desistir de tentar fazer essa diferença.

Nos últimos dois meses, não me tem largado o pensamento, a propósito de coisas no meu bairro e na minha cidade, o discurso de Michelle Obama e a sua chamada a do something perante algo errado. Passados meses, estas duas pequenas palavras continuam a ecoar em mim, mais alto do que qualquer insulto ou mentira repetida vezes sem conta durante a campanha eleitoral nos EUA. É esse o poder da boa oratória, enraizada em valores e dirigida à parte em nós que procura ser melhor todos os dias. Sim, o caminho ficou um bocadinho mais difícil ontem, mas tenho esperança que não nos falte, nos próximos quatro anos, quem nos recorde da direção certa.

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