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horizonte artificial

ideias e achados.

5 leituras de 2019

A Câmara Clara, de Roland Barthes

Qual é a origem do fascínio da fotografia? O que nos prende o olhar? O que tentamos registar ou salvar através de uma fotografia? São algumas das questões que o filósofo francês examina a partir da sua própria experiência, nomeadamente o luto.

Ensaios sobre fotografia, de Susan Sontag

Sontag faz um resumo crítico das principais formas de pensar e promover a fotografia como arte. Ao lê-la, fica claro como a influência da fotografia penetrou e modificou todos os domínios da vida moderna. Por um lado, liberta forças criativas, por outro converte tudo em imagens consumíveis e colecionáveis. Sontag sugere que é possível um meio-termo, mas vai ser preciso encetar uma espécie de ecologia das imagens.

Siddhartha, de Hermann Hesse

Uma enorme surpresa para mim, que só conhecia o livro pelo título. Um daqueles livros que imagino que levaram uma vida, ou uma grande viagem, a ser escritos. Tentei resumi-lo numa frase-relâmpago para os meus amigos e o que me ocorreu é que se trata de um livro de revelações sem revelações. Não faltam momentos em que tudo na narrativa parece preparar uma partilha de grande sabedoria para, logo a seguir, a onda passar por cima de nós e se desfazer em, bom, quase nada. Perante os limites da experiência e do conhecimento, Hesse aponta o caminho da humildade. Na minha leitura de Siddhartha, quando reconhecemos que não podemos conhecer e viver tudo só nos resta dar aos outros o benefício da dúvida e da curiosidade.

Becoming, de Michelle Obama

No palco mundial, ocorrem-me poucas pessoas sem ligação direta ao poder que se tenham destacado quase exclusivamente pelas suas qualidades pessoais. Ler a sua biografia é perceber como a Michelle podia ser a Ana, a Anabela, a Mané, a Rosa, todas as mulheres que conheço e que admiro pela forma como perseguem os seus objetivos pessoais e profissionais sem nunca perderem de vista os seus valores. Quem se propõe a fazer isso, qualquer que seja o tamanho do seu palco, acaba sempre por iluminar o caminho para quem vem a seguir (ou segue à volta).

A invenção do dia claro, de José de Almada Negreiros

A melhor descrição que me ocorre é de que se trata de um caderno de ideias. Deu livro, mas tinha tudo para dar um blog: cabem poemas, pequenas entradas do dia-a-dia, jogos de palavras e desabafos. Era mesmo difícil não gostar.

Aqui fica uma entrada deliciosa:

Um dia foi a minha vez de ir a Paris. Foi necessário um passaporte. Pediram a minha profissão. Fiquei atrapalhado! Pensei um pouco para responder verdade e disse a verdade: Poeta!

Não aceitaram.

Também pediram o meu estado. Fiquei atrapalhado. Pensei um pouco para responder verdade e disse a verdade: Menino!

Também não aceitaram.

E para ter o passaporte tive de dizer o que era necessário para ter o passaporte, isto é - uma profissão que houvesse! e um estado que houvesse!

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