notas avulsas: sobre o novo flickr
Já não é tão "novo" quanto isso: o site foi remodelado em Maio deste ano.
A última vez que publiquei lá uma fotografia foi em Outubro de 2012.
Sigo 128 utilizadores, dos quais 60 publicaram alguma coisa nos últimos 6 meses. Nada mau, mesmo assim.
A ideia principal da remodelação de Maio parece ter sido encher o ecrã, explodindo o tamanho das imagens e agrupando-as em mosaicos de tamanhos variáveis. A popularidade dos dispositivos móveis (e do formato instagram) deve ter sido um dos principais fatores a influenciar estas alterações.
A minha experiência do site esbarra logo aí. Não consigo navegar durante muito tempo por esses mosaicos sem o meu browser acusar problemas e voltar ao início da página, o que é incrivelmente frustrante quando já passámos por dezenas de fotografias e queremos voltar ao ponto em que estávamos. A voragem de imagens ainda parece ter os seus limites técnicos.
As fotografias têm mais destaque, mais espaço para respirar e o conjunto das fotografias parece mais interessante quando visto em mosaicos, mas sinto falta de algo no qual o antigo flickr era pródigo: espaço negativo.
Espaço negativo: o poder e a magia de uma fotografia não começa nem acaba no tamanho em que é vista. O antigo flickr podia ter muitos defeitos, mas havia uma certa paridade na forma como todas as imagens eram apresentadas no mesmo tamanho e em iguais circunstâncias. Agora, no "novo" flickr, estamos sempre dentro da fotografia, que enche o ecrã. Qualquer clique ou gesto ativa uma ação sobre a imagem ou a navegação. A moldura é o nosso ecrã.
Encher a página a toda a largura e altura coloca outros problemas ao nível da navegação. Não tenho sido um utilizador regular, como comecei por dizer, por isso não estou tão habituado ao novo layout, mas sinto-me constantemente perdido quando estou a navegar entre as diferentes áreas do site.
Não percebo a barra de navegação do Yahoo, que fez a sua aparição por altura da remodelação do site. Não acrescenta nada à experiência Flickr, só subtrai.
O flickr surgiu numa altura em que conseguia dar um pouco de tudo a quase todos, fossem criativos, artistas, fotógrafos de casamentos e batizados ou fotojornalistas. A pouco e pouco, surgiram outros serviços que foram erodindo alguns dos seus públicos: o tumblr ficou com os artistas e coleccionadores, o facebook com os fotógrafos de domingo, o instagram com os amadores e mais espontâneos. Só parecem ter ficado os mais profissionais e veteranos do serviço, o que parece explicar algumas das alterações feitas acima.
Estou dividido em relação ao novo flickr. Mais e maiores parecia ser a direção óbvia e indispensável para um serviço de imagens que tinha parado de evoluir, só não sei até que ponto isso pode ter introduzido mais ruído visual e descaraterizado o serviço tal como o conhecia.