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horizonte artificial

ideias e achados.

Os primeiros sinais da Primavera

Por Monsanto

Uma borboleta branca da couve

Estão por todo o lado, a começar pelas asas da borboleta branca da couve (Pieris brassicae), brancas à exceção de uma pinta escura. É uma espécie que começa a ser vista por esta altura do ano.

Uma amendoeira em flor, em Monsanto

Nas amendoeiras, os sinais são botões.

Atualização 02/05/20: não se trata de uma amendoeira. Talvez uma ameixeira?

Uma acácia a florir, em Monsanto

O amarelo vivo, mas indesejável (por ser considerada, nesta zona, uma espécie infestante), de uma acácia.

Alguém a tocar uma flauta transmontana, em Monsanto

Além de sinais, também há notas musicais no ar. O senhor na fotografia aproveitou os últimos dias de sol para ensaiar, longe da cidade (e dos vizinhos), a sua flauta transmontana.

Orquídea silvestre

Por fim, o sinal mais inesperado. Li, há poucas semanas, na página de facebook do Parque Florestal de Monsanto, que já podiam ser vistas algumas orquídeas por lá. Não sabia da ocorrência de orquídeas silvestres nesta zona, mas a ideia de ter mais um desafio fotográfico à espreita foi irresistível. Não foi preciso procurar muito, pois lá estavam elas, muito pequenas e pouco vistosas, à beira de um dos trilhos que costumo percorrer. A espécie que encontrei, a Orphys Lutea, usa uma estratégia carnavalesca para assegurar a sua reprodução: as suas flores parecem-se com abelhas fêmeas para atrair polinizadores.

10 livros para 2020

Uma lista para guiar as minhas leituras este ano

Açores a pé, Nuno Ferreira

Comecei a lê-lo há umas semanas e estou a gostar deste diário de uma travessia a pé de todas as ilhas do arquipélago açoriano. O registo é jornalístico, de passo rápido (é o ritmo que imagino que o Nuno tenha a caminhar) e poupado no deslumbramento. Há tempo para reparar na paisagem, mas é óbvio que são as pessoas que mais interessam ao Nuno, que entram nas suas páginas quase sempre em discurso direto. Agricultores, cantadores, barbeiros, entre outros, vão completando o retrato humano e cultural das localidades pelas quais o Nuno vai passando. Sei por experiência, a percorrer o Trilho dos Pescadores, como caminhar o dia todo, ao longo de caminhos desertos, nos pode deixar sedentos de contacto humano. É um "efeito secundário" curioso para quem se propõe encetar uma viagem destas sozinho (ainda por cima sem GPS). Preciso de chegar ao fim da viagem do Nuno para ter a certeza, mas sim, já comecei a pensar em repetir a sua façanha. 

Viver com alma, José Ricardo Vidal

Outro livro que já me tinha comprometido por aqui a ler. Estou surpreendido com a velocidade com que estou a lê-lo. Imaginei que seria uma leitura difícil, mas o José encontrou as palavras certas, no ritmo certo, para descrever o trauma inicial da sua experiência.

The Institute, Stephen King

Estou a levar o meu tempo, até porque, ler King, para mim, é uma oportunidade para escapar da rotina e dos temas mais sérios.

Jóquei, Matilde Campilho

Quero ler mais poesia, e este livro está na minha estante há anos à espera da sua vez. Será desta?

L'Associé, Joseph Conrad

Ando há anos a tentar aprender francês sozinho, e uma das coisas que me obrigo a fazer para ganhar vocabulário é ler um pequeno livro escrito ou traduzido para o francês por ano. Ler em francês é uma pequena tortura para mim, dada a frequência com que preciso de recorrer a um dicionário ou de traduzir frases inteiras para captar o seu sentido, pelo que esta é a única leitura do ano que, sem culpa do livro, não me entusiasma particularmente.

Fim, Fernanda Torres

Procurei recomendações de escritores brasileiros atuais e Fernanda Torres aparece quase sempre mencionada. Não sei o que esperar, mas estou otimista.

Histórias, Susan Sontag

Quase todos os livros de Sontag estão entre os meus preferidos e quero continuar a ler a sua obra.

Goodbye, Things: The New Japanese Minimalism, Fumio Sasaki

Considero que já levo um estilo de vida minimalista, mas folheei-o algures e fiquei curioso.

Corpo Triplicado, de Maria Brandão

Mais um livro que encontrei ao acaso numa livraria e que me deixou intrigado.

On Reading, Writing and Living with Books, Virginia Woolf, Wilkie Collins, George Eliot, Leigh Hunt, E.M. Forster

Um livro sobre ler, escrever e viver com livros tem tudo para, potencialmente, dar uma boa leitura.

EVOA

Uma visita ao maior observatório de aves no país

Um abrigo para observação de aves na margem de um dos lagos do EVOA

É quando pensamos que chegámos que a verdadeira viagem começa. Depois de passarmos Vila Franca de Xira e de sairmos da estrada alcatroada, aguarda-nos um caminho espantoso de 12 quilómetros em terra batida (e boas condições) até ao coração da Reserva Natural do Estuário do Tejo (RNET). O impulso irreprimível, para quem sai do confinamento da cidade, é parar e apreciar o espelho de água da lezíria e a vista desimpedida do horizonte em todas as direções.

O objetivo desta incursão pela campina é a visita ao maior observatório de aves do país, o EVOA (sigla para Espaço de Visitação e Observação de Aves), inaugurado em 2012, cujo centro de interpretação, isolado no horizonte, tanto pode parecer um chalé de grandes dimensões como uma nave espacial aterrada no meio da lezíria.

O edifício principal do EVOA visto à distância

A sua localização bem no interior da reserva faz do EVOA uma espécie de posto avançado da civilização. Além de apoiar as atividades relacionadas com o estudo e a conservação da RNET, o EVOA foi concebido para acolher e incentivar, de forma controlada, a curiosidade em relação à abundância e diversidade da avifauna existente na zona.

Uma visita ao EVOA inclui uma pequena exposição sobre a RNET e o acesso aos caminhos que conduzem aos três pequenos lagos artificiais ali perto. A visita guiada leva duas horas e consiste essencialmente de uma sessão de observação de aves com binóculos (emprestados pelo EVOA) a partir dos pequenos abrigos situados nas margens dos lagos.

Um papa-ratos, observado num dos lagos do EVOA

De acordo com o site do EVOA, o Estuário do Tejo é considerado uma das 10 zonas húmidas mais importantes da Europa devido às grandes quantidades de aves aquáticas migradoras que recebe. No dia da nossa visita, conseguimos observar pelo menos uma dezena de espécies de aves diferentes, sozinhas ou em bando: águias, gansos-bravos, pernilongos, abibes, piscos-de-peito-azul, entre outras, que um folheto fornecido no início da visita ajuda a identificar e registar.

Vale a pena destacar o papa-ratos (na fotografia acima), cujo avistamento entusiasmou visivelmente o nosso guia. Segundo ele, trata-se de um exemplar relativamente infrequente por aqueles lados.

Um bando de aves descansa nas águas de um dos lagos situados no EVOA

O site do EVOA permite consultar uma listagem com as 100 espécies mais avistadas naquela área. Um número surpreendente de aves, mais de 120 mil, podem passar por ali à procura de repouso e alimentação durante as épocas de migração.

A oportunidade para observar de perto tantas espécies diferentes, em tal abundância, é algo que não devem deixar escapar. Além do contacto proporcionado com a natureza, no seio de uma reserva natural, a visita revela um lado completamente diferente, relativamente intocado, do estuário do Tejo. Ao fim-de-semana, existem duas visitas guiadas, uma de manhã e outra à tarde, mas só há capacidade para um número reduzido de participantes, pelo que é aconselhável reservar com alguma antecedência.

Um abibe, um pernilongo e um bando de gansos-bravos em voo

Ao nível da fotografia, a minha maior lente (com a distância focal máxima de 200mm) não chegou para superar a distância entre nós e as aves. Mesmo dentro dos abrigos, é preciso guardar silêncio e uma certa distância dos vidros espelhados. O que pode ser visto como um obstáculo, todavia, é precisamente aquilo que permitiu que certas aves, como o papa-ratos mais acima, passassem tão perto dos abrigos, completamente alheias ao grupo de pessoas que as observavam no interior.

É no caminho até ao EVOA que se vai avistando outra espécie de fotógrafos, melhor equipados e mais determinados. Algumas das lentes que usam podem ser descritas como mini-canhões, tal é a sua distância focal (600mm ou mais). Só lentes tão grandes, e muita persistência, conseguem produzir fotografias tão detalhadas e espantosas como aquelas que o Daniel Raposo, aqui mesmo no SAPO Blogs, ou o Rui Pereira, no flickr, vão partilhando com o mundo.

O céu acima de um dos caminhos do EVOA

Uma das últimas fotografias da tarde, dos únicos aviões que se viam, naquele dia, no céu. Mais a sul, no Montijo, está prestes a receber luz verde a construção de um novo aeroporto, cujo impacto também pode vir a ser sentido na RNET.

Duas horas no EVOA foram suficientes para constatar a abundância e diversidade de aves que se sentem atraídas pela beleza e sossego daquela área. É importante apoiar a missão de quem, no EVOA, e não só, tenta manter o frágil equilíbrio de forças entre a cidade a crescer no horizonte e a natureza que procura ali refúgio.

Fevereiro

Um motivo de entusiasmo

Pode ser um pouco prematuro, mas estou entusiasmado com a possibilidade de ter mais dias de sol. Mais luz, mais saídas, mais fotografias.

Um livro

Ainda não comecei nenhum dos livros que referi aqui nos últimos meses. É melhor não me afundar mais.

Teatro

Falhei vários espetáculos em janeiro, mas uma ideia para fevereiro é este Nada a esconder

Um post na gaveta

O blog está a caminho de fazer 12 anos, mas ainda gostava de escrever o estatuto editorial deste horizonte artificial - isto é, um texto que explicite os princípios que tento seguir de cada vez que escrevo e publico um texto aqui.

Uma ideia para riscar ou esquecer

Julgo que ainda não risquei nenhuma das ideias que vou deixando todos os meses nesta rubrica, mas gosto deste exercício, de passar as ideias para o "papel" e ir abrindo algum espaço na cabeça para outras. Este mês, gostava de concretizar uma velha ideia, que consiste em criar um blog separado (com fotografias da natureza? de Lisboa? não sei ainda), dedicado às minhas fotografias.

Uma fotografia por fazer

Ando há meses a pensar nisso, desde que vi este post no Arca de Darwin: gostava de "apanhar" um esquilo em Monsanto com a minha câmara.

Um filme

Está lá por casa, à espera de ser visto, há uns anitos: o documentário Lissabon Wuppertal Lisboa, de 1998.

Um sítio

A Assembleia da República. Entrei lá, pela primeira vez, há poucos meses, a propósito da exposição "O direito sobre si mesmo: 150 anos da abolição da escravatura no império português", mas não deu para ver muito mais. Este mês, há visita guiada programada.