Este é um post diferente do habitual, que eu não queria escrever nem publicar.
Desde o dia em que dou o nome e a cara no apoio que presto e nos conteúdos que publico no SAPO Blogs que sei que havia uma hipótese de alguém se aproveitar disso.
E aconteceu, finalmente.
Desde há uns meses que ando a ser assediado repetidamente por um utilizador do serviço no qual eu trabalho.
Como qualquer pessoa que já trabalhou em apoio ao cliente sabe, as linhas de apoio ao cliente tornam-se muitas vezes redes de apoio àquelas pessoas que, por qualquer motivo, estão mais carentes de atenção e contacto humano.
Há 12 anos que faço apoio ao cliente por escrito e já consigo identificar rapidamente situações deste género. O primeiro sinal de problemas surge normalmente logo após o contacto inicial, quando a uma dúvida muito simples se seguem dúvidas cada vez mais específicas e complexas, feitas por meio de longas deambulações, semeadas de referências a situações fora do âmbito do nosso trabalho. Quando o nosso trabalho envolve mais do que prestar apoio e queremos sinceramente ajudar quem nos contacta, este tipo de contacto, feito de forma repetida, acaba por nos desgastar, porque percebemos rapidamente que aquilo de que aquela pessoa precisa é de um amigo. E quem está deste lado pode tentar ser simpático, prestável e acessível, mas não isso.
As pessoas que trabalham em apoio ao cliente estão especialmente expostas a situações desse género e à tensão inevitável que surge entre as obrigações colocadas pelo trabalho e a necessidade de se preservarem. Infelizmente, há pessoas que parecem ter-se especializado em tirar partido dessa exposição. É o caso do indivíduo que se identifica no SAPO Blogs como "P.P.", "Insensato", “[In]sensato”, “Insensato.pt”, "Paulo Pinto", onde diz ser professor ou auxiliar de educação em Santa Comba Dão. Também tenho razões para crer que este é o mesmo indivíduo que me contactou, via Twitter, como “homeminsensato” e “Pedro Gonçalo”.
Não conheço nem nunca interagi com esta pessoa fora do meu local de trabalho, pelo que não tenho como saber se algum destes nomes é real, mas são aqueles que já usou, dezenas de vezes, para me contactar no trabalho e fora dele. Também não tenho como confirmar que tem realmente a ocupação que diz ter, mas não é preciso explicar por que razão é um dos aspetos que mais me perturbam nesta situação.
No trabalho, quando chegou ao ponto em que os contactos de apoio começaram a conter considerações pessoais sobre mim, informei a equipa e deixei de responder. O resultado, nos últimos meses, é uma campanha de assédio por e-mail, através dos comentários do nosso blog de equipa, de reclamações escritas a visarem-me por nome e de comentários insultuosos em blogs de terceiros.
Um comentário maldoso, um insulto “anónimo”, um e-mail a “exigir” a minha atenção pessoal são coisas que, ainda que perturbadoras, conseguimos isolar e ignorar. Quando se repetem meses a fio e extravasam o nosso local de trabalho, a nossa firmeza começa a vacilar. Pensamos no que fizemos para justificar isto, se devemos responder e, inevitavelmente, dar a atenção que é “exigida”. É esse o efeito pernicioso deste tipo de assédio continuado. Faz-nos duvidar da nossa própria sanidade.
Chega de insanidade, portanto. Quero deixar isto muito claro: assédio é crime. Ninguém tem o direito de incomodar outra pessoa, no seu trabalho ou fora, seja qual for a justificação - a solidão, até mesmo a doença, não são desculpas. E eu sei que um post num blog pessoal, não chega para parar e punir isto.
Esta denúncia pública é só o primeiro passo.
Se tiverem mais dados sobre a identidade deste individuo, contactem-me, por favor, por e-mail. Se participam na blogosfera do SAPO, e sentem que podem confiar na minha palavra, e na descrição que faço acima de tudo o que se passou, peço-vos que me ajudem a espalhar a palavra sobre o seu comportamento.
Obrigado,
Pedro Neves
Atualização 20/09/19: Dois dias depois ainda me sinto incomodado por ter escrito e publicado este post. O meu blog pessoal é a minha caixa das bad things. Não serve para falar de situações que não escolhi, não provoquei e das quais não quero fazer parte. Posto isto, serviu para chegar, presumivelmente, ao nome completo deste indivíduo e para me convencer, finalmente, de que esta situação precisa de acabar.
O blog em causa foi suspenso ontem e não terá mais lugar no SAPO Blogs para importunar seja quem for. Espero nunca mais ser visado ou contactado por este indivíduo, dentro ou fora do meu trabalho, mas sei que há uma possibilidade de isto não acabar aqui. Se isso acontecer, qualquer desenvolvimento não passará mais por este blog.
Por fim, um conselho a quem, eventualmente, chegar aqui um dia e estiver ou conhecer alguém que esteja a passar por algo parecido: o bullying, o assédio, qualquer interação indesejada, não é um problema vosso. É um problema que devem e precisam de partilhar, desde o início, com quem está à vossa volta, sejam eles familiares, amigos, colegas ou chefias.