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horizonte artificial

ideias e achados.

achados: doSEMENTE

facebook/doSEMENTE

 

Já conhecia a doSEMENTE, mas foi preciso este post da Leonor (que vou, basicamente, repetir aqui) sobre os seus produtos para prestar mais atenção e tratar de experimentar.

 

A doSEMENTE é uma marca criada pela Patrícia Simões para comercializar a sua granola caseira, uma mistura de cereais integrais, sementes, frutos secos e mel que vai bem com iogurte, leite e até gelado. Para já, existem duas variedades de granola de mirtilos à escolha, com ou sem pedaços de chocolate (eu escolhi aquela com chocolate, claro). A preparação da granola é completamente caseira, os ingredientes são de origem nacional e não há açúcar nem aditivos envolvidos. As encomendas são feitas online, através do site da doSEMENTE.

 

Um nome brilhante, um produto de qualidade, embalagens cuidadosamente preparadas, um site simples mas eficaz e uma divulgação que assenta no Facebook, Instagram e no boca a boca (neste caso, no "blog a blog") de quem já experimentou e recomenda. E tudo isto é tanto mais impressionante quanto resulta do trabalho de uma só pessoa. Se querem melhor exemplo do que a criatividade pode fazer, e granola caseira para o pequeno-almoço, então não vão mais longe.

online: Goodreads

Este é o gráfico relativo ao número de páginas que li nos últimos anos, gerado pelo Goodreads, uma espécie de rede social para leitores, que voltei a redescobrir esta semana por intermédio de um post da Marianne. Passei a tarde de Sábado de volta dos meus livros e deste site, a tentar lembrar-me de tudo o que li recentemente, para poder usar a funcionalidade de "stats" e ter uma melhor ideia de como têm evoluído as minhas leituras.

 

Além das estatísticas, o site ainda gera recomendações de leitura baseadas nos livros que já lemos, e a componente social deixa-nos acompanhar o que os nossos contactos andam a ler e dizem desses livros. Para quem gosta de livros, o apelo é evidente.

 

Quem estiver a pensar estrear-se por aqui e possui um smartphone/iPod não precisa de fazer como eu e perder uma tarde a adicionar livros ao perfil. Basta descarregar a app gratuita para iOS e Android que o Goodreads disponibiliza e começar a tirar os livros das estantes. A app permite usar a câmara fotográfica para ler os códigos de barras dos livros e adicioná-los automaticamente ao nosso perfil. Sabe bem viver no futuro, hein?

 

Se decidirem experimentar, ou já estiverem por lá, adicionem-me!

"The joy of discovery"

 

Acima, uma das imagens divulgadas hoje pela NASA das primeiras marcas deixadas pelas rodas da Curiosity na superfície de Marte. Neste artigo da Wired, que revela alguns dos mais pequenos mas fascinantes detalhes desta missão da NASA, descobri que a Curiosity encerra uma mensagem destinada a futuros visitantes de Marte que nela tropecem. A inscrição, numa placa a bordo da sonda, lê o seguinte:

"For millennia, Mars has stimulated our imaginations. First, we saw Mars as a wandering star, a bringer of war from the abode of the gods. In recent centuries, the planet’s changing appearance in telescopes caused us to think that Mars had a climate like the Earth’s. Our first space age views revealed only a cratered, Moon-like world, but later missions showed that Mars once had abundant liquid water. Through it all, we have wondered: Has there been life on Mars? To those taking the next steps to find out, we wish a safe journey and the joy of discovery."

Hopper no Thyssen

(clique para ampliar)

Esforço-me por aceitar que a proibição de fotografia nos museus é um convite (ainda que forçado) à contemplação, mas sinto falta muitas vezes de poder fazer um registo visual de algumas obras que chamam a minha atenção e cuja identificação não posso imediatamente anotar (ou seja, a fotografia como um auxiliar da memória).

Vem isto a propósito da pequena surpresa que o Museu Thyssen de Madrid tem reservada para aqueles que visitarem (até meados de Setembro) a sua exposição temporária dedicada à obra do pintor norte-americano Edward Hopper. Ao entrar na última sala da exposição, deparamo-nos com o cenário acima, a incrível recriação tridimensional da pintura "Morning Sun", da responsabilidade do realizador Ed Lachmann.

A fotografia que tirei e mostro acima, na realidade, é feita da junção de duas fotografias. De outro modo seria difícil mostrar aqui, por inteiro, o cenário construído para a recriação, que inclui uma tela onde é projetada a cidade que se avista da janela do quarto e holofotes que ajudam a reproduzir a luz do sol na pintura. De acordo com o museu, o objetivo da recriação é revelar ao olhar do visitante os artifícios e técnicas do cinema que Hopper usou na pintura. A invenção cumpre o seu objetivo e tem o efeito de colocar o visitante a olhar e tentar "entrar" no cenário através da moldura vazia.

É difícil resistir ao enquadramento e não experimentar subir ao degrau instalado a meio da sala, de onde os visitantes são desafiados a tirar uma fotografia do exato ponto no qual realidade e pintura se encontram. Os visitantes são ainda incentivados a partilhar no twitter as fotografias que fizerem nesta sala, com uma hashtag própria e acompanhadas de uma descrição original, para se habilitarem a ganhar algum merchandising do museu.

A exposição de Hopper é, já de si, um rebuçado para a vista, mas a recriação é uma boa surpresa e incrivelmente original na maneira como nos aproxima da arte em mostra. E, voltando ao início deste post, é refrescante na medida em que reconhece um dos impulsos da maioria das pessoas que visita museus: sair deles com algo que possam mostrar ou contar mais tarde em relação ao que viram (idealmente, como aqui, as duas coisas).

Marte: Opportunity

Com tanto entusiasmo à volta da chegada da Curiosity a Marte, é fácil esquecer que há outro robot da NASA ainda a operar em solo marciano. A Opportunity já percorreu 34 quilómetros desde que aterrou no planeta em Janeiro de 2004 (na altura já era um NASA-junkie), onde continua a batalhar os elementos (da poeira acumulada nos seus painéis solares às areias que a tentam prender no lugar) e o seu próprio desgaste mecânico. O seu dia-a-dia consiste em tirar fotografias, analisar pedras e avançar mais alguns metros. É difícil resistir à antropomorfização, e de pensar no que faz mover esta Oportunidade. 8 anos e 34 quilómetros depois, à pergunta que a levou a Marte em primeiro lugar, "o que vês?", ela continua a responder dia após dia "ainda há tanto para ver".

bon iver

Posso voltar atrás? E dizer o quão especial é aquele vídeo ali abaixo, de uma sessão musical ao vivo entre Justin Vernon e Sean Carey (que, ja agora, tem um álbum a solo, intitulado "All we grow", que recomendo)?

Estava a ver o vídeo ontem pela terceira ou quarta vez e comecei a pensar no que torna a música de bon iver tão especial. Por que é que aqueles acordes e falsettos se repercutem tão bem cá dentro?

Existe algo comparável entre a gratificação causada pela sua música e a gratificação que sentimos lá no íntimo com aquela peça de imobiliário que tem as medidas perfeitas para o nosso T0.

E a conclusão meio simplista e totalmente óbvia a que cheguei é que ela nos autoriza a ser melancólicos e tristes enquanto a ouvimos. O segredo da música bon iver reside aí, no que vai buscar à tristeza e como valida a sua autenticidade (podemos fingir e enganar-nos em relação a quase tudo, mas não dá para falsificar tristeza).

Nos três concertos a que fui de Justin Vernon, e presumo que em todos os que ele dá, ele encerrou sempre a noite obrigando a audiência a cantar em coro "What might have been lost". É algo que teve o seu efeito no primeiro concerto, quando provavelmente não éramos mais de três centenas de pessoas, e voltou a ter no segundo, quando já eram alguns milhares. Em Lisboa, foi um Coliseu de Recreios esgotado e a abarrotar a cantar este verso de "The wolves" (do primeiro álbum). Uma canção que fala de um amor perdido e da miséria causada, de uma maneira que convida mais a celebrá-la do que a evitá-la.

Colocar um Coliseu dos Recreios, ou qualquer outra sala de concertos a abarrotar, a cantar "What might have been lost" é a celebração máxima de um desgosto. É autorizá-lo a ele, e a nós, a reconhecer que algo se perdeu e que não faz mal em voltar àquela divisão mal-iluminada e vazia de recompensa que é a tristeza. Pode ser a única coisa verdadeira que resta.

blogs: daring fireball

O meu blog favorito (ao ponto de ter um atalho direto para o blog no ecrã principal do meu iPod) fez ontem 10 anos. Falo do Daring Fireball, assinado por John Gruber, que comecei a acompanhar há coisa de 2 ou 3 anos, por dica de um colega.

 

Gruber é um entusiasta de tudo o que a Apple faz, sem prescindir de um sentido crítico apurado e justo, e o seu blog é quase exclusivamente dedicado às novidades, notícias e rumores que envolvem a empresa norte-americana.

 

O nível da ironia, e o calibre do sarcasmo com que Gruber faz pontaria aos críticos da Apple, é uma das coisas que valem a pena neste blog (revisitar e parodiar em lume brando as previsões pessimistas que foram feitas, aquando do seu lançamento, sobre o iPhone e iPad é um dos seus desportos favoritos), sobretudo para quem não resiste ao "allure" da marca. Só que a desmistificação e a paródia são só aperitivos. Quem quiser compreender um pouco melhor as razões do sucesso atual da Apple tem no Daring Fireball um bom ponto de partida para perceber a forma de pensar e agir da empresa, vista aqui através da perspetiva de um consumidor.

 

De resto, essa perspetiva parece-me interessante na medida em que permite tirar algumas lições sobre design, internet (as principais tendências na internet neste momento parecem ter sido todas impulsionadas por decisões estratégicas inerentes a produtos da Apple) e jornalismo (ele está para o jornalismo tecnológico como o Jon Stewart está para a Fox News).

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