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horizonte artificial

ideias e achados.

círculos perfeitos

 

A nova página da Fundação José Saramago, inaugurada hoje, no 89º aniversário de Saramago e no dia em que a Fundação recebeu a chave da sua futura sede, a Casa dos Bicos (à qual tentei fazer a mais que justa referência em alguns pormenores da página). Foi um dia especial para a Fundação, e para todos os que admiram a vida e obra de José Saramago, e nós nos Blogs do SAPO conseguimos contribuir à nossa maneira.

 

Abordo cada livro de Saramago com um misto de curiosidade e expetativa e é um bocadinho surreal entrar no seu imaginário para depois me pedirem para trabalhar em algo relacionado com o seu legado.

 

"A Viagem do Elefante" tem aquela epígrafe assombrosa de que "sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam", e eu já esperava por este dia há alguns anos, desde que enviei um e-mail meio ingénuo a pedir para me deixarem trabalhar no Caderno de Saramago. Um Nobel da Literatura e um blog são palavras que não aparecem muitas vezes ditas na mesma frase, e na altura achei admirável a curiosidade e modéstia com que Saramago decidiu experimentar esta coisa dos blogs (sobretudo quando me lembro d@s prima donnas com que lidei ao longo dos anos).

 

Já não fomos a tempo de lhe darmos as boas-vinda aos Blogs do SAPO, mas já estou mesmo muito contente pelo que conseguimos fazer (e não fui só eu, o Hugo Costa também fica com grande parte do crédito, para variar) pela Fundação.

bóra passear: experimenta design 2011

A minha câmara fotográfica (uma point-and-shoot da Sony, com apenas 4 anos) pifou, por isso a recomendação de passeio tem de ser feita através das fotografias de outros. Sugiro começar por este post do Diário de Lisboa, que desperta a curiosidade sobre o que a edição deste ano da Experimenta Design, dedicada ao Useless, reserva aos visitantes do seu Lounging Space, alojado no edifício do antigo Tribunal da Boa-Hora, em plena Baixa lisboeta.

 

A bienal de arte+arquitetura abriu as portas e janelas do tribunal, que ficou Useless em 2009 com a inauguração do Campus da Justiça na Expo, ligou as luzes e convidou artistas a instalarem-se e a instalar o edifício. A escolha do antigo tribunal como ponto de encontro para os vários sentidos da palavra Useless promete a vários níveis, a começar pela sensação de se estar a percorrer os bastidores da justiça, das salas de julgamento (ainda equipadas com as cadeiras de estofo preto reservadas aos juízes) aos gabinetes, passando pelos corredores, onde se cruzaram durante anos acusados, vítimas e testemunhas de todos os tipos de crimes. Se há sítio que parece ser habitado por fantasmas, é este.

 

Algum do imobiliário que ficou para trás com a troca de instalações também foi aproveitado de forma simbólica. Ventoinhas, máquinas de escrever, aquecedores e outros equipamentos estão amontados junto às escadas, a bloquearem a passagem. Amontoados e inúteis, os objetos parecem dizer aos novos visitantes "levem-nos convosco".

 

O uso anterior do edifício, de resto, não passou despercebido aos artistas, como faz prova uma das minhas partes preferidas da mostra, a design crime scene.

 

A entrada é livre, mas para quem se interessa por design, arquitetura e ao que acontece quando estas se misturam em arte, a visita é obrigatória (até dia 27 deste mês).

 

À saída, só fica a esperança íntima de que, depois da bienal ter desligado a última luz e fechado a porta atrás de si, a cidade consiga encontrar e dar outro uso parecido ao antigo tribunal da Boa-Hora.

bon iver

 

Desta vez foi menos intimista (o concerto foi integrado num festival da Pitchfork, que decorreu no Grande Halle de La Villette, onde couberam alguns milhares de pessoas), mas mais espetacular e trabalhado (havia alguns 10 músicos em palco, a suportar Justin Vernon). Foi um bocadinho inesperado ouvir o novo álbum (do qual não sou grande estudioso, confesso) interpretado com tanta energia e descontração - uma atuação digna de qualquer festival de música, o que reforça a esperança de vir a acontecer em solo português.