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horizonte artificial

ideias e achados.

No Banco Alimentar

Fazer trabalho voluntário no Banco Alimentar assemelha-se muito a fazer as compras do mês no supermercado, e voltar a repeti-lo dezenas de vezes no mesmo dia, com a diferença que a ideia é esvaziar o nosso próprio cesto.

O cenário inicial intimida um bocado, com centenas de pessoas a separarem e encaixotarem outras tantas centenas de bens alimentares por minuto, mas ao fim de 10-15 minutos começamos a perceber que existe uma organização subjacente a todo aquele caos, e que podemos entrar e navegar nele. Face à tarefa gigantesca que é processar todas aquelas toneladas de comida em 48 horas (o total do ano passado excedeu, julgo, as 1000 toneladas), mais um par de mãos, mesmo com tanta gente disposta a ajudar, não é demais.

Os produtos que não são logo recolhidos no tapete rolante têm de ser distribuídos à volta da sala inteira: é preciso encontrar a banca do arroz (um dos bem alimentares mais frequentes, e pesados...), saber onde deixar os feijões enlatados, descobrir a quem dar as massas pequenas e ainda tentar perceber onde deixar aquela caixa solitária de Pringles (sinceramente pessoal, Pringles?). Tudo isto até alguém se virar para nós e perguntar se não queremos pegar num caixote ali no canto e dar o nosso cesto de supermercado a "uma rapariga"...

Depois, é impressionante assistir à chegada incessante de carrinhas atulhadas de bens alimentares, vindas de todo o país. Ali, no fim daquela cadeia, parece que a generosidade dos outros simplesmente não tem fundo. Lá dentro o ritmo é frenético, com dezenas de pessoas a "atacarem" cada pilha que chega, e a esvaziá-la em minutos, e mesmo assim não existe um momento de descanso.

A campanha do Banco Alimentar continua hoje, domingo, e volta a repetir-se em Maio. Se alguma vez já pensaram ir, e não foram por acharem que se calhar mais um par de mãos não ia fazer grande diferença, pensem novamente, peguem num amigo e vão. É aquele tipo de experiência que nos põe em contacto com algo melhor que nós.