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horizonte artificial

ideias e achados.

shuffle

Uma semana de leituras, achados na net e outra miscelânea.

 

Surface: mais do que a dúvida, o novo tablet da Microsoft (há quem lhe chame laplet, uma combinação de laptop + tablet) merece o beneficio da curiosidade. Quem se arrisca a fazer algo diferente merece esse benefício, e a forma como a Microsoft respondeu à pergunta "como é que podemos fazer algo diferente do iPad?" justifica um olhar mais demorado, como é feito neste artigo do Anandtech, que examina em detalhe as escolhas (e compromissos..) feitas no Surface ao nível do hardware e software. Por outro lado, se é verdade que o Surface parece ser um dispositivo original no seu direito, a Microsoft continua a debater-se com um esforço por vezes atrapalhado e algo disfuncional de promover os seus produtos, como o Marco Arment relata no seu blog.

 

Beyond the Matrix: um longo artigo na New Yorker sobre os irmãos Wachowski, que realizaram a trilogia Matrix, e o seu próximo filme (em conjunto com Tom Tyker, realizador de um dos meus filmes favoritos, "Corre, Lola, Corre"), Cloud Atlas, no qual investiram quase todo do seu próprio dinheiro e credibilidade. O filme, cuja história é mega-ambiciosa na forma como atravessa tempo e espaço (tipicamente Wachoskiana, portanto), estreia em Portugal no final de Novembro.

 

iPhone 5: ainda o iPhone, e uma crítica que gostei de ler, por Shawn Blanc, intitulada The iPhone is here to work.

 

Regresso: O FJV promete que regressa em breve.

 

A Pedra: o Ricardo Braz Frade já deixou o Alentejo para trás, na sua volta a Portugal em GoCar, mas pelo caminho passou pela Aldeia das Pias, para ver de perto a Pedra do Galo, um menir cuja descrição chega para nos deixar esmagados:

Passei por muito carneiro e muita ovelha até lá chegar. E quando parei, diante dela, e lhe topei o tamanho em metros, olhei para trás e pensei que faria o triplo da distância só para a ver novamente.

É imponente, na largura e na altura.

Se a olharmos como um bloco apenas, natural, caído do céu, não deixamos de a ver como imperial, muito acima da nossa condição. Dá cabo de nós tê-la por perto.

Ideia: Liz Lemon in a box.

 

A crítica: a crítica culinária mais arrasadora de sempre?

 

O blog: este tipo encontrou a forma mais original e hilariante de mostrar que tem queda para a bicicleta. (via time out)

Bon Iver no Campo Pequeno

Nuno Galopim, no DN, sobre o concerto de ontem à noite de Bon Iver:

O concerto soube caminhar entre momentos de maior intensidade elétrica e etapas de mais evidente exposição da tão característica voz de Justin Vernon (que é decididamente mais um músico que um comunicador de massas). E conduziu-nos até ao momento de clímax que se desenhou quando Calgary e o absolutamente inspirado Beth/Rest (em versão arrebatadora) que fecharam o alinhamento como um bom livro sabe colocar o ponto final.

E eu não estive lá.

Fezada

É aquilo que em Portugal tanto serve de avale a um plano esforçadamente engendrado como à inabalável intuição de que nos vai sair o Euromilhões na terça-feira. Mas com este OE dá-se um passo em frente. Nos mapas das receitas do Estado surge uma nova rubrica: Lotarias (está lá, vão conferir, mapa VI). Em cima de tudo o que se sabia, Gaspar decidiu taxar a nossa sorte a 20%. Um quinto do valor dos prémios de jogos sociais acima de 5 mil euros é para o Fisco. Quem vê no ministro um perfeito contabilista germânico, desengane-se. Porque com esta ideia simples Gaspar introduz definitivamente essa variável tão genuinamente portuguesa na difícil equação de um resgate estrangeiro. Contas feitas, o Estado tem a fezada de encaixar 50 a 60 milhões com a sorte que teremos no ano de todos os azares. Ora aí está a boa notícia: pelo menos 250 milhões em totolotos e raspadinhas ninguém nos tira.

João Pedro Oliveira, na sua crónica do Económico, dúvida soberana.

...

Percebemos que temos passado demasiado tempo em frente a um ecrã quando, à noite, chega a hora de pegar num livro e desligamos a única luz do quarto.

quero: um iPad mini

Mais pequeno, no caso do iPad, pode muito bem vir a ser sinónimo de melhor. O novo mini é um iPad que dá para segurar e usar com uma mão e que ainda por cima é 50% mais leve que o modelo de maiores dimensões. É por isso que pode ser só uma questão de tempo até os termos se inverterem e começarmos a falar do mini como o iPad normal, e o maior como o "iPad maior". Nesse sentido, e para quem acompanha a Apple, é um lançamento com implicações interessantes de seguir, na medida em que o mini corre o risco de canibalizar as vendas do iPad mais crescido e mais caro. Quanto a mim, estou desejoso de colocar as mãos num, e de confirmar as suspeitas acima. Por agora, o anúncio bastou para me fazer adiar mais um pouco a compra do Kindle Paperwhite.

blog: Qual crise?


Qual crise?/Ricardo Braz Frade

Se há blog que vale a pena acompanhar neste Outono atlântico é o Qual crise?, que está a ser atualizado todos os dias de um ponto diferente do país, à medida que o seu autor faz a volta a Portugal num GoCar.

Para alguém que dorme todas as noites num sítio novo e passa quase todo o dia encolhido num veículo de três rodas, a qualidade da sua escrita é impecável, rica em descrição e bom humor (um dos pré-requisitos, imagino, para empreender uma aventura destas). Não conheço o Ricardo e não faço ideia do que faz na vida (apesar do blog ter sido personalizado com a ajuda do SAPO, tendo o design ficado a cargo da Claudia), mas depois desta viagem pode muito bem considerar arriscar outra ao nível da escrita.

Todos os dias tenho aprendido alguma coisa nova sobre os lugares por onde vai passando (em relação aos quais parece ter feito algum trabalho de casa) e a cada dia fico com mais vontade de copiar o exemplo e partir estrada fora (ainda que não necessariamente de GoCar). As observações que faz sobre cada sítio, assim como o registo dos diálogos que vai encetando com os locais, tornam este diário de estrada especialmente português e cativante.

E depois há a questão do GoCar, que dá um ar quixotesco (na aceção sonhadora e humilde do termo) a toda a aventura. A escolha de veículo adiciona um elemento de humor e expetativa (será que o "Dinis" aguenta tanta estrada?) a uma viagem que, de outro modo, tenderia a ser um pouco mais previsível e menos colorida. E menos histórica, claro, ou o Ricardo e o "Dinis" não fossem o primeiro binómio homem-GoCar a tentar completar uma volta a Portugal..

achados: Barbara Hannigan

Aproveitei a dica do Luís e fui assistir à exibição do documentário "Intervalo" de Tiago Figueiredo sobre a Orquestra Gulbenkian, a propósito dos seus 50 anos. É uma autêntica visita de estudo cinematográfica ao backstage da Orquestra e quotidiano de todos os que lá trabalham, dos músicos até aos técnicos de luz e som que ajudam a preparar cada concerto. Só por isso já pode ser considerado uma hora bem passada, mas o que me surpreendeu mesmo, e para mim roubou o espetáculo, foi Barbara Hannigan.

A soprano canadiana passou pela Gulbenkian no início do ano com a sua interpretação da ária Mysteries of the Macabre, de György Ligeti, e o excerto da sua atuação, onde além de cantar também conduz a Orquestra, é um dos pontos altos de "Intervalo", sobretudo para quem vai com uma ideia já definida de como um maestro e uma orquestra se devem comportar. Se quiserem ver do que falo, basta carregar Play no vídeo abaixo, e ver Hannigan na dupla condição de maestrina e soprano a desempenhar o papel de uma "paranóica chefe de uma polícia secreta".

Estou quase disposto a apostar que foi a primeira vez que a Orquestra Gulbenkian atuou com uma maestrina apropriadamente vestida para uma sessão de S&M a seguir ao concerto.



Vale a pena ler a entrevista e a sua biografia no site da Fundação para ficar com mais algumas luzes sobre o seu percurso, que é um bocadinho mais convencional do que o cabedal pode fazer parecer:

a grande lição transmitida pela minha primeira professora foi a de correr riscos. E aos 19, 20, 21 anos, quando tinha um concerto, no final ela vinha ter comigo e dizia-me «estou tão orgulhosa de ti por teres arriscado». E a repetição dessa frase deu-me talvez a coragem de continuar a arriscar.


"Intervalo" volta a ser exibido no Grande Auditório da Fundação esta sexta-feira (hoje, portanto), às 17h, com entrada livre. Entretanto, vou tentar conformar-me por ter perdido o concerto do ano, quem diria, na alcatifada Gulbenkian.

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