Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

horizonte artificial

ideias e achados.

O anti-notebook

Das coisas que mais gostei de encontrar na net esta semana, esta ideia de Russell Davies surge no topo da lista. Consiste em virar do avesso o conceito e o propósito de ter um bloco de notas, cheio de páginas em branco, à espera dos nossos pensamentos e rabiscos. O bloco de notas de Russell não está em branco e cada página desafia-nos a tirar notas de maneira diferente. Formas geométricas, perguntas, etc, tudo o que ajude a passar o tempo durante reuniões inúteis.

 

 

Por exemplo, e bem engraçado, numa das páginas podemos traçar e, com isso, aprender a desenhar, o Pikachu. (foto: Russell Davies)

 

Vai um pouco na mesma onda que a ideia do Livejournal de fazer todos os dias uma pergunta aos seus utilizadores (os tais desbloqueadores de conversa), para quem não actualiza o blog por falta de tema.

 

O objectivo é fazer um curto-circuito à inspiração e evitar a "neura da página em branco".

 

Outro exemplo disto é o Muji Chronotebook. O Muji é uma agenda que troca a tradicional grelha diária por um relógio no meio de cada página. Tudo o que vamos anotando passa a orbitar aquele relógio, o que permite ter uma ideia mais clara da gestão do tempo e ainda poupar espaço na página, para tomar notas.

 

 

 

Conheci o Muji através deste post do Jack Cheng, autor da fotografia acima, que fala em detalhe dos benefícios de usar uma agenda assim, que contraria a lógica de partir o dia em porções iguais de tempo.

Elogio da automação

Se o sistema de recomendações musicais do Last.fm fosse assegurado por pessoas, seria enviada uma equipa de críticos musicais a nossa casa para passarem revista dos nossos cd's, LPs, vinis, etc, durante uma tarde inteira. Depois, seria vê-los conferenciarem à nossa mesa de jantar, a prepararem uma lista personalizada de recomendações para melhorarmos os nossos gostos musicais. Uma espécie de "Querido, deixei de ouvir U2" na SIC Mulher.

Se o Twitter fosse operado por seres humanos, provavelmente ouviríamos bocejos do outro lado da linha. Se ligássemos para a Priberam, seriam pasmos com a nossa burrice ("automatação não existe...").

O Sitemeter seria um porteiro pago abaixo do salário mínimo, daqueles que deixam entrar toda a gente.

5 sinais seguros de que a Primavera está a chegar

1. Num destes dias, devidamente assinalado na memória de quem nunca viu tal acontecer antes no metro de Lisboa, as portas das carruagens voltaram a abrir-se para deixar entrar a rapariga bonita que surgiu, aparentemente despreocupada, na plataforma da estação do Jardim Zoológico. Por momentos, foi como se tivéssemos todos estado apenas à sua espera.

 

2. Logo pela manhã, já existe luz do dia, e aquela estranha sensação de que o dia começou sem nós.

 

3. O "Fim de Época" na porta do Santini parece injusto e obsoleto.

 

4. O sentimento generalizado é de que "o pior já passou".

 

5. Por toda a cidade à hora de almoço, as estátuas humanas àvidas de alguns raios de sol.

o medo é um sítio

Este blog só lá vai com "desbloqueadores de conversa". O mais recente ocorreu-me enquanto pensava numa hipotética sugestão para a pergunta diária do Livejournal: o momento mais assustador de 2008?

 

O meu seria aquele momento, ali entre a uma e as duas de manhã do dia 3 de Outubro, ali entre a confusão e o medo de estar perdido, algures no 19º distrito de Paris pouco depois do concerto de Bon Iver na La Maroquinerie. Tinha feito o percurso inteiro a pé do hostel à disco durante o dia, e estava confiante na minha capacidade de orientação para fazer o mesmo percurso durante a noite: "é seguir sempre em frente", foi o meu brilhante plano.

Desperdicei a oportunidade de apanhar o metropolitano, enveredei pelas ruas que me levavam na direcção do hostel e não olhei mais para trás, até que dei por mim sem pontos de referência, nada pelo qual eu tivesse passado poucas horas antes, virasse por onde virasse. Sabia que devia continuar para noroeste, mas tirando isso não sabia onde estava.

 

Finalmente, depois de 10 minutos, consegui encontrar a rua por onde tinha vindo nessa tarde e retomar o caminho certo, mas esse pequeno desvio proporcionou-me o momento mais assustador do ano. Se o medo fosse um sítio, seria um onde nunca tivéssemos estado antes.

 

Quando já me preparava para escrever este post, encontrei esta ideia no blog de David Horvitz (um tipo que começou a publicar todos os dias uma ideia para fazer algo de diferente, ou apenas de maluco, durante o dia):

 

 

Gostava de ver a minha cara naquele momento (mas tirei esta fotografia, porventura para recordar o momento em que respirei de alívio por não ir dormir num banco de rua em Paris).

 

Achei piada a esta ideia de explorar a sensação de estar perdido como se fosse uma maneira de acordar os sentidos e quebrar a rotina, comparável a ir ao cinema ou desafiar o paladar com comida exótica.

Pág. 1/2