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horizonte artificial

ideias e achados.

Últimos apontamentos de 2008

- O João também fez uma lista de coisas boas (e más) de 2008. Se mais alguém se sentir inspirado a fazer uma, avise.


- O Kottke ainda não publicou o seu anual "best of" do ano e já estou a recomendá-lo. Metade das coisas que vou colocando neste blog são descobertas por intermédio do Kottke, por isso vale a pena esperar pelo mega-post.


- A minha segunda mais ouvida música do ano foi, surpresa, Disturbia, da Rihanna. Passo a vida a falar do Bon Iver, mas quando ninguém está a ver, sou apenas mais um zombie da MTV. Desisti, logicamente, de publicar o resto da lista.


- Um update relativamente ao post do assalto: o sacana entrou pela varanda.


- 30 blogs notáveis de 2008, vou passar a seguir alguns deles.


- os meus votos para quem passa por aqui: muitas ideias boas em 2009!

...

Aprecio o carácter terapêutico das listas. Quanto mais abstractas e inúteis elas são, maior é a cura. O poema de Elizabeth Bishop não é bem uma lista, apesar de fazer algumas enumerações: chaves, relógio, três casas, duas cidades, dois rios, um continente, uma voz, um gesto, etc. Digamos que precede a lista, é uma espécie de manual de instruções (ou precauções) para o passado e futuro.

No dias felizes.

Razões para dar graças por 2008

Fruta

O SAPO decidiu oferecer fruta todos os dias aos seus colaboradores este ano. Não foi o suficiente para colocá-lo na lista da revista Exame dos melhores locais para trabalhar em Portugal (alguém esqueceu-se de enviar a nomeação), mas pôs alguns de nós a comer fruta todos os dias, três vezes por dia.

 

O metro de Berlim

Compra-se o bilhete, valida-se numa máquina e esquecemo-nos dele no bolso das calças durante o resto da estadia. É assim tão simples. Sem barreiras nem complicações que só visam explorar turistas desprevenidos. Faz lembrar algum metropolitano?

 

David Fonseca

Pela música e criatividade.

 

Dark Knight

Incrível a todos os níveis, e era fácil subestimar um filme que se propõe a contar a história de um homem que combate o crime vestido de morcego.

 

Obama

Não sei como vai ser a sua presidência, mas a maneira como conduziu a campanha presidencial impressionou. Pediu desculpa quando errou, recusou-se a dar importância àquilo que não tinha importância e não enveredou pelo ataque pessoal. E depois isto.

 

 Jamie Oliver at home
Trocou os estúdios de televisão pela quinta, onde ilustra as vantagens de cozinhar ao ar livre. Abre o apetite e, sobretudo, desperta o interesse em cozinhar. Só continua a não ser propriamente o chefe mais higiénico na TV.

 

American Life

Chego a alterar o meu trajecto diário e ir a pé até ao Metro para conseguir ouvir em condições o podcast deste programa de rádio norte-americano. Devia haver mais programas assim, que nos põem no lugar de outras pessoas.

 

Proibido fumar
É o único caso que me ocorre em que um pedaço de legislação teve um impacto notório e significativo na nossa qualidade de vida da noite para o dia.

 

Twitter

No cruzamento certo entre a utilidade marginal e a facilidade de utilização para ser divertido. A NASA deu-lhe o melhor uso do ano ao criar uma conta para a sonda MarsPhoenix. O progresso da sonda era dado na primeira pessoa, incluindo a descoberta de gelo na superfície de Marte.

 

Aimee Mann

Soa ainda melhor ao vivo.

 

Caça-mitos

O programa dedicado aos "mitos" da série MacGyver pode ter sido o melhor deste ano. Conclusão: a ciência do MacGyver era um bocado fogo de vista e os Caça-mitos continuam a ser o melhor programa com conteúdo científico na televisão.

 

Anaïs Mitchell

Abriu o concerto de Bon Iver em Paris e um cantinho especial na alma de todos os que lá estavam. É preciso ouvi-la para acreditar.

 

Byblos

A minha livraria preferida de Lisboa até à página 36 de Cem anos de Solidão (altura em que fechou as portas).

 

Zune

Tem todas as funcionalidades de um iPod, com a vantagem de ter rádio.

 

New York Times

O meu jornal de bairro para todos os efeitos. Em 2008 ajudou a responder a um dos mais velhos dilemas de qualquer utente dos transportes públicos: quando o autocarro não aparece, e o trajecto não é grande, é melhor esperar na paragem ou arriscar e ir a pé?

 

Blog do Quiz

Blog do Diabo. Uma das ideias para blogs mais diabolicamente viciantes do ano.

 

Amazon.co.uk

Quem precisa da FNAC?

 

Bon Iver

Obrigou o público presente no exíguo La Maroquinerie a repetir com ele um dos versos mais enigmáticos da canção The Wolves: what might have been lost. Só tentar descodificar os tempos verbais nesta oração faz-me doer a cabeça, mas o significado que retenho da frase conduz-me à maior lição de 2008: na dúvida, é melhor arriscar.

Um ano em Lisboa

The Portuguese can be a quiet bunch on a bus, nurturing individual invisible thought bubbles. Alma likes to say they're a nation of daydreamers. She prefers to rewind the day's events as she sits beside me, and she does so until she catches on that I've stopped responding. I'm a dreamer, too. I prefer my own quiet as the grunting of the engine and the rattling of the bus windows become distant background music to the passing city. Block after block, the sight of newspaper kiosks reminds me I forgot to buy a paper today, reminds me of the challenge I set myself whenever I approach a newsstand: standing a few feet away, I'll silently repeat the polished phrases I've worked out word by word, hoping to mimic the local accent. This little game derives from my fragile wish to sustain, if only for a moment, the illusion that I'm Portuguese, though I really can't say why, since I do and don't feel at home here—just as a particle becomes a wave function becomes a particle becomes a wave, I oscillate between comfort and unease. And, anyway, the odds are tipped against me, because after nearly a year I'm still stalled at the "Me Tarzan, you Jane" stage of language proficiency.

Excerto da última crónica de Philip Graham para a McSweeney's sobre o seu ano a viver em Lisboa. Tenho pena de só ter descoberto as suas crónicas agora que está prestes a regressar com a família ao Illinois.

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