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horizonte artificial

ideias e achados.

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Esta tarde.

 

A neblina chegou do mar, como se estivesse a ser transportada por um tapete rolante invisível sobre as águas do Tejo, e em menos de meia hora engoliu a ponte 25 de Abril. Nas margens, o Sol continuava a brilhar e o único indício da presença da ponte era o seu murmúrio. Parecia algo saído de um espectáculo de ilusionismo de David Copperfield.

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Um episódio que me ficou na memória esta semana: o momento em que o homem na sala de leitura da FNAC do Chiado descobriu que estava a ser desenhado pela rapariga sentada no chão junto à janela.

Estava entretido com o meu próprio livro, um calhamaço chamado fotolog.book, cheio de fotografias publicadas no Fotolog.com, entremeadas com textos de Nick Currie sobre a era da fotografia digital, mas não consegui deixar de reparar nos olhares estranhos que a miúda do canto estava a lançar sobre as restantes pessoas na sala.

O rapaz à frente dela parecia completamente abstraído do facto de estar a ser desenhado, até que, quando eu já estava prestes a acabar o meu livro (eram só fotografias, não havia muito para ler), encontrou o olhar dela e seguiu-lhe o gesto até aos riscos que ia fazendo no caderno. O ar de frete na cara dele foi especialmente caricato, parecia quase que aquela situação - dar por si a ser desenhado -  era o tipo de coisa que lhe estava sempre a acontecer.

Diverti-me a imaginar a FNAC a avisar os utilizadores das suas salas de leitura para a possibilidade de estarem a ser vigiados por desenhadores sem nada para fazer.

E vamos não esquecer que também havia pelo menos um blogger sem nada para fazer na sala.

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